Há uma história em cada átomo e eu me pergunto: que sabe o átomo sobre si próprio? A história é vivida, vivenciada, revivida e ressignificada a cada instante e nós lhe damos vazão.
Ciências sociais nomeiam relações entre indivíduos. Indivíduos têm nome e se classificam como “gente”. Por eles, por nós mesmos, assim nós dizemos. “A gente foi”, ou “a gente vai”, “a gente taqui” e “a gente tali”. Não sou eu que desencanto o mundo com mirabolantes teorias. Não sou eu que conceituo meu falar, meu dizer, meu pensar, meu viver.
Livros escritos e teorias publicadas em congressos e lá se foi o sagrado em minha existência. Nosso jeito de ser e sentir, nosso jeito de ter, pedir, lutar e conseguir. Nossa forma de aprender a ser quem somos, aprender a ser como somos. Na verdade é só aquilo que “a gente é”.
Não é mais, é bem mais do que nossa educação consegue compreender. Os sonhos de uma vida, um ano de trabalho, uma enchente de conquistas ou o acúmulo de fracassos. Nosso leve existir, agora estudado. Nosso profundo existir, agora conceituado.
Nomes difíceis, palavras de outros idiomas. Gente elegante gravando gente comum se sentindo importante. Um namoro e um casamento que resulta em linhas escritas, lidas e discutidas ou algum documentário. Porém, a gente continua “a gente”.
Sujeito, indivíduo, elemento, sociedade, cultura, interrelacionalidades (se é que tal palavra possa ser internalizada…). É desse jeito que transformam o comum, “a gente”, em ciência, em átomos. E outra vez me pergunto: será que “a gente” vive aqueles conceitos estudados? Ou só quem é de fora consegue ver o que “a gente” vive?
Conheço gente estudada que se olha no espelho pra pensar. Conheço gente também que nem pensa no por que o espelho consegue nos mostrar.
Há ciência no viver e há ciência no estar. Há também magia em não querer entender e também em não querer explicar.
Significados, “a gente” sabe, sempre estão a mudar. E gente, “a gente” sabe, sempre tem história pra contar…