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Wagner Fonseca: Aprender de tanto aprender

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Aprender, já não sei dizer o quanto me basta e o tanto que me serve. Sei o quanto me cansa, tanto quanto me estimula.

Uma vez, nos idos de 2001, questionei um amigo de faculdade sobre que livros eu deveria ler para ser tão inteligente quanto ele. Eu queria uma lista, um ‘por onde começar’, para aos poucos ir adquirindo aquela capacidade criativa de ver com meus olhos próprios (que hoje sei que são tão pouco meus…), de conseguir ouvir uma palestra e poder entendê-la, de poder abraçar ideias sem ser preconceituoso! Enfim, o que eu queria naquele momento era um manual para aprender a deglutir informações, assimilar novos conhecimentos e aprender a desenvolver-me intelectualmente. Eu estava me encaminhando para um mundo infinito…

“O pequeno príncipe”, foi o livro que ele me indicou para começar e eu não levei tão a sério a dica quanto deveria, porém, li o livro, em 2014 ou 2015, um pouco tarde demais talvez. Mesmo assim consegui captar o porquê de sua dica e hoje sei o que os livros fizeram por mim. Aliás, a influência dos livros em mim é tão grande quanto a dos filmes. Quem eu sou é resultado de todo um arcabouço cultural adquirido ao longo dos anos de estudos que se iniciaram no distante ano de 1987, quando ingressei na pré-escola.

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Conhecer novas pessoas, lugares, horários e regras, cores e sons, foi o que a escola me propiciou. Uma nova socialização a cada dia e, mesmo em momentos supostamente iguais, aprendia coisas diferentes. O medo que a religião me impunha levou anos para desvanecer, assim como uma criação familiar simples forjou lentamente em mim valores indissociáveis de quem eu sou. Acredito que cada pessoa deva se formar de maneira semelhante, afinal, não devemos ser tão diferentes uns dos outros. Bem, não deveríamos, econômica e socialmente falando, mas este é outro assunto.

A escola foi me moldando e aos poucos fui aprendendo a fazer minhas escolhas de forma mais sólida concomitante à insegurança característica de errar, cair e levantar. Algo normal. Cicatrizes são para lembrar-nos que não podemos ser perfeitos a todo instante. Amigos foram e vieram. A escola juntou o trabalho e a responsabilidade, o mundo foi aumentando na medida em que meus passos foram alargando-se para novos horizontes. A faculdade completou outros espaços e elucidou universos dissonantes que jamais havia sonhado, embora eu já soubesse que não poderia sair da universidade no mesmo formato quadrado que era quando entrei. Como diria um grande professor meu, o mundo é redondo e as salas de aula são quadradas. Arredondar-me foi algo muito bom, dolorido em muitas vezes como o é até hoje, contudo, é a necessidade de ser melhor a todo novo dia que ‘me arredonda os cantos’. Tudo bem que Raul disse “melhor ter nascido burro, sofria menos”, mas será que quem não sabe sofre menos? E como saber que não se sabe? E saber mais, nos torna mais felizes, nos torna pessoas melhores? Para quem?

São quase trinta anos de escola, estudo e mais estudo, um acúmulo dantesco de informações que me causam uma abismal depressão e uma estonteante euforia. Talvez seja por isso que escrevo tanta poesia para, no fim, nem saber ao certo o que elas dizem para mim. Quem dirá aos outros?!

Continuo a aprender, pois sou humano e aprender é inerente ao meu ser, ao nosso ser. Assim vou aos poucos compreendendo todos os documentários que assisti, tanto quanto aqueles filmes cabeças que põem em xeque nossa percepção de realidade e de objetividade. Da mesma forma tantas músicas, filosofia e poesia cerceiam o abstrato de minha subjetividade. Ao mesmo tempo me liberta.

Se você assistir os documentários que eu assisti vai ouvir frases que dizem coisas bem “hippies”, ou coisas bem “indígenas”, ou coisas bem “uau, que doideira!”. Mas e aí, isso diz algo? E os filmes nos dizem o quê? E os livros? Ou mesmo ciência e filosofia, o que querem para nós? Aliás, se política e religião não conseguem elucidar o mundo para que você tome decisões próprias, então você precisa entender, se aprofundar em si mesmo e rever-se enquanto pessoa. Para mim é indubitável que o conhecimento pode tanto te libertar quando te prender e consigo entender perfeitamente porque muitas pessoas desistem no meio dos caminhos que suaram tanto para construir, ou simplesmente enlouquecem. Todo conhecimento é sedicioso e sedutor. Na melhor das hipóteses ouvir-se pode ser o máximo que você precisa e às vezes o menos necessário. Que garantias você pode ter, afinal, de que é você mesmo quem diz o que você precisa escutar?

Ter uma vida normal, em muitos casos, é o mais desejável possível. Alegrar-se com as pequenas coisas, um lugar-comum da autoajuda pode ser o totem do maravilhamento próprio. Enlouquecer um pouquinho a cada mês pode ser o santo remédio para aliviar as dores de não conseguir parar de aprender todo dia.

Eu apenas deito na rede e esvazio minha mente… Ela se enche e assopro os pensamentos embora. Lá se vão linhas de um novo poema e deixo um pequeno sorriso de nota de rodapé.

“_ O que tu tá fazendo pai?”
“_ Nada.”
“_ Nada?”
“_ Aham. Nada. Só isso…”


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