Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
Em 1973 ficava claro – pelo menos no cenário musical brasileiro – que vale a pena ser uma metamorfose ambulante do que ter uma velha opinião formada sobre tudo. Raul Seixas veio na contramão do conservadorismo e deixou com esta letra um legado no mínimo, reflexivo.
E você, como você lida com as mudanças pedidas pela vida?
A gente tem a mania de acreditar que a conquista é o que gera felicidade e por conta disso construímos mentalmente um caminho para atingir nosso objetivo e por fim fazermos contato com a tão sonhada felicidade. É claro que viver desse jeito assusta, imagina se deparar de repente com alguma curva pelo caminho? Imagina se aparece um atalho, uma rota alternativa mais florida?
Quanto mais criamos ideais e metas fixas, mais nos frustramos, paralisamos, ficamos insatisfeitos.
Essas metas e ideais fixos tem uma profunda e íntima relação com a educação que recebemos ao longo de nossa vida, se fomos educados dentro de um padrão familiar de submissão/autoritarismo, manteremos a tendência em aceitar tudo o que nos falam, não questionaremos as escolhas que a vida traz, negaremos qualquer contexto que implique em criatividade e autonomia. As consequências disso envolvem o fortalecimento de uma rigidez mental bem como o pânico diante daquilo que foge do padrão. Ou seja, quanto mais buscamos a previsibilidade, menos sabemos lidar com o imprevisível.
Pessoas que foram submissas tendem a compensar a falta de autonomia exercendo em algum momento da sua vida o autoritarismo. É aí então que se tornam mais e mais rígidas, exigentes consigo e agora também com os outros.
Você já deve ter conhecido alguém que jamais mudava de opinião, que nem se colocava aberto para escutar um argumento diferente daquele que ele tinha. Pois é, são pessoas que preferem ter uma velha opinião formada sobre tudo à atualizar a sua forma de pensar e permitir o processo de metamorfose.
A vida se atualiza a cada momento, o ser humano é quem possibilita isso, e ficar fechado a essas atualizações é o mesmo que parar de evoluir em prol da manutenção de um orgulho, de uma pose, uma reputação e ou imagem. Viver por isto não é um problema desde que haja satisfação na falta de evolução.
Geralmente não há, a tendência na verdade é uma caminhada em direção à solidão.
Não precisamos concordar com todas as mudanças que ocorrem no mundo, é importante termos nossos valores e princípios e se basear neles, mas isso em nada tem a ver com ficarmos fechados ao novo.
O novo não dói, o que dói é a nossa resistência em mudar. Que sejamos metamorfose porque é no movimento que a vida acontece.