Psicóloga Jéssica Horácio de Souza – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
Abraham Maslow, psicólogo americano; muito conhecido pelo desenvolvimento da teoria das necessidades; disse que todo indivíduo busca sempre melhorias para a sua vida, e que assim que satisfaz uma necessidade, ele automaticamente identifica outras necessidades para então, quando saudável, partir em busca de satisfazê-las.
Esta pulsão de vida é a motivação que nos faz buscar constantemente viver momentos de excitação, alegria, entrega e espontaneidade. Quando desejamos encontrar um novo emprego, firmar uma parceria, construir amizades sinceras, nos envolver em relacionamentos onde há reciprocidade, automaticamente estamos buscando satisfazer necessidades que caso não sejam supridas, poderão gerar insatisfações. Quando realizamos um desejo, por mais básico que ele seja, entramos em contato com a sensação de satisfação, que se manifestará de diversas formas, podendo gerar euforia, gratidão, relaxamento, excitação… Este é o momento que sem dúvidas podemos desfrutar da conquista, descansar da corrida e reconhecer a importância do esforço investido na concretização do desejo.
Porém, algumas pessoas possuem dificuldade em desfrutar destes momentos, geralmente se boicotam a não viver-los. Quando estão prestes a concretizar o que tanto buscavam, recuam, desistem ou criam situações que impedem a satisfação das suas necessidades. Estas pessoas em resumo, se boicotam.
Isto acontece quando condições no passado deste indivíduo contribuíram para que ele acreditasse que não era merecedor das sensações que a satisfação das suas necessidades trazem, ou ainda, que não conseguiria concretizar os seus desejos. E mais, quando devido ao medo de se frustrar e perder o que tanto quer, evita se sentir feliz, optando por manter-se com as sensações que embora desconfortáveis, já são conhecidas para ele, e portanto, não trarão sofrimento caso as perca.
O comportamento de auto boicote faz parte de uma estrutura de personalidade que possui um traço masoquista, pois como julga não ser merecedor das alegrias, o indivíduo as evita e consequentemente busca no sofrimento o sentido da sua vida. Provavelmente você já conheceu alguém que se queixava por não conseguir realizar um desejo porque acreditava que não era capaz, e ou, que não tinha condições de concretizá-lo, e ainda, quando as oportunidades de realizar o que ele tanto queria apareciam, ele simplesmente não valorizava o momento, e o transformava em reclamações, descontentamento, pessimismo, se tornando alguém desagradável para se conviver. O indivíduo que possui um traço de caráter do tipo masoquista é alguém que aprendeu a não se permitir se sentir feliz, e que possui uma baixa auto estima como reforçadora da crença negativa de que não merece usufruir da sensação de tranquilidade que somente a satisfação daquilo que se quer proporciona.
Por isso é tão importante avaliarmos os nossos esforços diante aquilo que queremos conquistar, porque é através da reflexão sobre o quanto e como estamos investindo na nossa felicidade que compreenderemos se estamos realmente buscando o que nos satisfaz ou, se estamos nos boicotando.
Se em algum momento da sua vida você identificar que não está usufruindo de um momento devido ao medo de que ele acabe, se certifique dele estar sendo positivo para você naquele momento, pois, é nele que você está. Se boicotar para não sofrer é antecipar uma dor que pode nem vir a existir. Assim, reflita sobre como você quer se sentir, e se a resposta for: feliz, reveja o que você está fazendo para isso e se esta busca tem valido a pena uma vez que você não se permite celebrar a sua conquista.