Nascido em 1961 em São Paulo formou-se em publicidade e propaganda pela Fundação Armando Álvares Penteado- FAAD de São Paulo; Vik Muniz é escultor, pintor e fotógrafo, ousadia e criatividade são algumas de suas marcas.
Vicente José de Oliveira Muniz foi morar em Nova York (EUA) em 1983 e desde então faz freqüentes “pontes” entre Brasil e Estados unidos; lá começou a ser reconhecido por suas experimentações artísticas que perpassam pelo uso de materiais um tanto excêntricos como: catchup, geléia, açúcar, lixo, gel de cabelo, chocolate e outros.
Pelo caráter efêmero dos materiais que utiliza Vik trabalha com o registro fotográfico de suas criações: bate uma foto da cena ou personagem que deseja “trabalhar”, recria a imagem usando o material escolhido para a obra e bate uma outra foto da sua criação depois de pronta, logo imprime uma série limitada de cópias como trabalho final que então segue para as exposições e comercialização.
É um dos artistas contemporâneos brasileiros que conseguiu reconhecimento internacional pelas suas experimentações, tem obras espalhadas por diversos espaços como: The Art Institute of Chicago, Chicago, EUA; Museum of Contemporary Art of Los Angeles, Los Angeles, EUA; J. Paul Getty Museum, Nova York, EUA; Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA; MoMA, Nova York, EUA; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; e Victoria and Albert Museum, Londres, Inglaterra.
Uma de suas coleções que ficou conhecida mundialmente as “Crianças de açúcar” de 1996 foi construída com diferentes tipos de açúcares e com este material o artista retratou crianças filhos e filhas dos cortadores de cana do Caribe, chamando a atenção para a condição precária de vida destas pessoas. O açúcar usado na montagem da obra foi depois colocado em potes transparentes e estes foram rotulados com as fotografias das “crianças de açúcar” e depois expostos.
Outra coleção fantástica chama-se “O depois”, nesta série o artista utilizou restos de materiais do carnaval e lixo jogado nas ruas na quarta-feira de cinzas para retratar a triste realidade das crianças órfãs moradoras de rua no Brasil. Este trabalho foi criado para ser exposto na Bienal de São Paulo.
Entre 2007 e 2008 o artista executou um de seus mais belos trabalhos, no lixão de Gramacho, no Rio de Janeiro junto aos catadores de lixo deste local. Durante 2 anos Vik freqüentou o espaço e fotografou os trabalhadores, depois recriou em estúdio algumas das imagens em proporções grandes usando o próprio lixo do aterro. Depois de fotografadas foram impressas e seguiram para exposição e venda. O dinheiro arrecadado com as vendas dos quadros foi doado para cada protagonista da imagem. Detalhes interessantes neste projeto artístico: os próprios catadores fotografados foram contratados para trabalhar na montagem das imagens que foram recriadas com o lixo e todos eles tiveram suas vidas transformadas de maneira positiva através deste trabalho.
É possível conhecer essa fascinante história no documentário chamado “Lixo Extraordinário” que está disponível na internet e que mostra todo esse processo criativo. Dessa maneira Vik Muniz engrandece a arte, dá vida e força às expressões artísticas, tornando-as populares, fáceis de entender, resgatando o caráter sócio político que uma obra de arte deve ter. Seu trabalho nos faz refletir sobre desigualdades sociais, sobre capacidade de transformação, sobre criatividade e liberdade.