Ao final do 1º Seminário Catarinense de Olericultura, realizado em Caçador, nesta quarta-feira (24/6), uma cena despertou a atenção. Reunidos pelo engenheiro agrônomo da maior rede varejista de Santa Catarina e com apoio de pesquisadores da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária), um grupo de produtores de tomate discutia o fornecimento do alimento direto do campo à gôndola do supermercado, com identificação da origem (rastreamento) e, mais importante, mediante aplicação do sistema agropecuário de produção integrada (SAPI), cujos atrativos são a redução do uso de agrotóxicos e aumento da rentabilidade econômica com sustentabilidade ambiental e social.
Na origem da reunião ocorrida em Caçador, está o Programa Alimento Sem Risco (PASR) do Ministério Público do Estado de Santa Catarina (MPSC), que foi apresentado aos participantes do Seminário pela Coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Consumidor (CCO), Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa Souza.
A rede de supermercados, com 27 lojas na Região Sul, uniu-se diretamente aos produtores para encontrar soluções em atendimento aos chamados das Promotorias de Justiça do Consumidor, que cobram a correção das desconformidades apuradas por análises de resíduos agrotóxicos em hortícolas do PASR. Além do tomate cultivado via produção integrada, também foi relatado acordo com produtores de cebola de Alfredo Wagner.
O Sistema Agropecuário de Produção Integrada (SAPI) é impulsionado no Brasil pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e já possui regulamento técnico para algumas das culturas hortícolas monitoradas pelo Programa Alimento Sem Risco (PASR), permitindo, assim, a superação até da simples adoção de boas práticas agrícolas, que seria o patamar básico do processo de cultivo de alimentos. Equipara-se, em muitos aspectos, aos requisitos da produção orgânica.
Para a Coordenadora do CCO, Promotora de Justiça Greicia Malheiros da Rosa Souza, o anúncio dessa parceria entre a rede e os produtores de tomate, ocorrida em Caçador, pode vir a representar uma mudança de paradigma nas relações entre varejistas e agricultores em Santa Catarina, principalmente pela abertura do comércio aos alimentos cultivados sob o sistema da produção integrada, ainda incipiente, mas que traduz significativo avanço tecnológico em bases sustentáveis que o MAPA pretende espalhar pelo Brasil.