Vivalda Terezinha da Costa, nascida em 20 de maio de 1951 no bairro Estreito, Florianópolis. Foi musa inspiradora de Martinho de Haro, enfermeira no hospital da Caridade, cabelereira, mãe de 6 filhos e artista plástica. Uma mulher que ousou sonhar e realizar seu desejo; mulher negra, moradora do Morro do Mocotó.
Com sua arte Valda Costa (como passou a assinar suas obras) frequentou as altas classes sociais de Florianópolis e passou a fazer parte das rodas de artistas a partir da década de 1970. Viveu duas realidades: o morro e a alta sociedade; desta forma tornou-se uma referência na representatividade dos negros através da Arte.
Sua carreira artística é vista por muitos como a passagem de um cometa: exuberante, marcante, forte, linda e rápida. Transtornos psicológicos e a sua morte precoce, aos 42 anos, interromperam sua tragetória.
Foi autodidata; Valda manifestava talento para a pintura e desenho desde criança, mas foi quando começou a frequentar o ateliê de Martinho de Haro que ampliou suas técnicas. Pintora e escultora, a artista criava maravilhosas obras onde retratava a si mesma e o seu cotidiano. Suas criações encantam com a harmonia das cores e linhas. Em suas telas Valda podia colocar-se no “mundo” que desejasse viver, pintava cenas habituais do Morro do Mocotó, pintava o folclore ilhéu, o carnaval, pintou e esculpiu uma série de Madonas. Elevou os negros como os principais atores nas suas pinturas.
Possui uma ampla criação em período curto de anos, estima-se que 800 obras estejam espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. O Museu de Arte de Santa Catarina conta com um pequeno acervo de quadros da referida artista. E muitas outras peças encontram-se em mãos de colecionadores de arte.
Valda Costa era dona de si e do seu trabalho. Ela tinha a necessidade de sobreviver da sua arte, por isso escolheu comercializar pessoalmente suas obras, sem o auxilio dos marchands, isso desagrou a muitos e dessa forma foi afastada aos poucos dos museus e das galerias de arte. Começou a negociar suas telas com valores abaixo do mercado para suprir suas necessidades financeiras. Com o passar dos tempos escolheu pseudonimos para assinar seus trabalhos ( Vivalda, Miguel Angelo e outros) para assim conseguir vendê-las com menor preço, pois muitas pessoas recusavam-se a pagar um baixo valor por uma obra com sua assinatura, pois reconheciam sua importância no mercado das artes.
Forte representante da arte Vivalda, foi a imagem da força da mulher negra, artista determinada relizou seus sonhos, viveu paixões, percorreu belos lugares. Deixou uma obra incrível, desenhada com delicadeza e graça, com uma pitada de realidade e de fantasia. Sua história pessoal e artística foi fascinante. Conhecer seu trabalho é um convite ao encantamento da alma.
Referências
Caminhos de Valda. Direção de Marlon Aseff. Florianópolis: FCC ( Prêmio Cinemateca Catarinense). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=G5kf1k5bW1E>. Acesso em: 20/04/2018.
LINS, Jacqueline Wildi. Para uma História das Sensibilidades e das Percepções: Vida e Obra em Valda Costa. 2008. 297 f. Tese ( Doutorado em História Cultural)- Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina, na área de Políticas da Escrita, da Imagem e da Memória. Florianópolis, 2008. Disponível em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp101800.pdf>. Acesso em: 23/04/2018.
OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. 6ª ed. Petrópolis: Vozes. 1987.