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Coronavírus

É da Unesc, o desenvolvimento de um teste rápido para Covid-19 mais seguro

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Estudo inclui, ainda, outras instituições.

A estudante Rahisa Scussel iniciou o doutorado em 2020 com um grande desafio: desenvolver um teste rápido mais seguro para detectar Covid-19, doença que impactou o mundo todo.  A jovem pesquisadora sai de casa todos os dias, de segunda a sexta-feira, para ir até o laboratório da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Faz as análises, ainda em computador, com ajuda do orientador e professor Ricardo Andrez Machado de Avila. Todo esse esforço é para garantir até setembro um importante avanço: encontrar moléculas que vão permitir identificar de maneira rápida e eficiente o vírus em pacientes contaminados.

Com esse resultado em mãos, será possível iniciar as análises clínicas e comprovar na prática o que está sendo testado usando a bioinformática, tecnologia que permite analisar e interpretar dados biológicos. O recurso tem sido usado frequente nos estudos de Covid-19 para entender com profundidade a composição do novo vírus.

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Já a etapa que inclui análises clínicas contará com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), que destinou R$ 100 mil para a pesquisa via edital para combate à Covid-19 e seus efeitos em Santa Catarina. Os recursos serão usados para compra de materiais e insumos, além de cobrir os custos de transporte, armazenamento e a análise de amostras realizadas em vários cantos do país. O estudo envolve, além da Unesc, as universidades federais do Amazonas, de Minas Gerais, de Santa Catarina e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

O presidente da Fapesc, Fábio Zabot Holthausen, destaca que o apoio financeiro é primordial para o avanço das pesquisas de Covid-19 em Santa Catarina. “Vamos continuar apoiando os pesquisadores e instituições catarinenses na busca de soluções para esta pandemia e para outros desafios futuros”, confirma.

Como funciona a pesquisa

O objetivo da pesquisa de Rahisa, realizada no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, é desenvolver uma plataforma que seja ultrassensível e rápida. Para isso, vai detectar aminoácidos pontuais do novo coronavírus que se ligam aos anticorpos da pessoa infectada. “Queremos então selecionar essa região específica para que não tenha uma reatividade cruzada com outras doenças, com outros vírus. Isso vai garantir a especificidade no nosso teste. A gente vai conseguir então diferenciar os indivíduos com a Covid-19 de outros tipos de enfermidades, como a influenza (gripe), por exemplo”, explica.

Para chegar a esse resultado, a pesquisadora está analisando as proteínas do novo coronavírus que participam do processo invasivo das células hospedeiras ou que fazem parte da replicação viral. O método usado por Rahisa também é diferenciado, com uso de nanomateriais magnéticos, comum no grupo de pesquisa em que participa. “Comparando com teste de ELISA tradicional (para detecção de anticorpos), por exemplo, com o de nanomaterial magnético, a gente notou que tende a apresentar maior sensibilidade e uma maior precisão dos resultados em um espaço de tempo menor”, confirma.

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O professor Ricardo, também coordenador do projeto aprovado pela Fapesc, tem sua carreira voltada para o desenvolvimento de sorodiagnóstico usando os nanomateriais magnéticos. Até então, vinha pesquisando sobre doença de Chagas, leishmaniose, malária ou mesmo venenos de animais peçonhentos. Agora, o foco dele é garantir os dados para Covid-19 o mais rápido possível. Se tudo der certo, a partir de dezembro será possível ter um teste laboratorial com resultado em menos tempo e um teste rápido mais eficiente. “Vamos baratear o teste sorológico e dar mais segurança no resultado do teste rápido”, confirma o professor.

O modelo que está sendo desenvolvido no Fisiopat da Unesc poderá ser usado futuramente em caso de novas pandemias ou mesmo para fazer o diagnósticos de outras doenças. Rahisa, que segue os estudos envolvendo o novo coronavírus até pelo menos 2023, trabalhará em um segundo momento com possibilidade de desenvolver tratamentos a partir dos resultados obtidos nessa primeira etapa. Para o futuro, a jovem pesquisadora quer continuar na área de sorodiagnóstico. “Talvez me especializar nessa pesquisa de bioinformática e na estruturação de plataformas de diagnóstico”, finaliza.

Desenvolvimento de mais um teste

Pesquisadores do Centro Agroveterinário (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Lages também desenvolveram uma nova tecnologia para realização de testes rápidos. Na prática, a equipe criou uma molécula que reconhece o vírus e se liga a ele. Essas estruturas emitem uma luz que se apaga em contato com o novo coronavírus, confirmando o resultado positivo.

Além da eficiência, esse teste permite uma análise mais rápida. “É um peptídeo (bloco de aminoácidos) totalmente nacional, com produção barata e teremos a possibilidade de realizar testes em massa”, afirma a professora Maria de Lourdes Borba Magalhães, coordenadora do projeto.

O teste foi desenvolvido em parceria com a startup Scienco Biotech, criada pela professora Maria de Lourdes, que hoje está no Órion Parque de Lages. A empresa foi contemplada no edital da Fapesc Tecnova II e vai receber R$ 150 mil da fundação para desenvolver tecnologia da imunodiagnóstico aviário. Já a pesquisadora Maria de foi contemplada na última edição do Prêmio Inovação Catarinense, também da Fapesc, na categoria Agente Inovador.

Investimentos em ações contra Covid-19

A Fapesc lançou três editais de apoio a pesquisas e produtos para combater a pandemia e seus efeitos. O edital 06/2020 aprovou cinco projetos de pesquisa, incluindo o estudo de Rahisa e do professor Ricardo, além de ativação de laboratórios para realização de teste e criação de sistema de teleatendimento.

Já o edital 07/2020 apoiou o desenvolvimento de cinco produtos, como tecidos pulmonar in vitro, uso de luz ultravioleta para higienização de ambientes e um painel para doação de recursos para projetos sociais.

Por fim, a fundação destinou bolsas de mestrado e pós-doutorado aos seis projetos catarinenses selecionados no edital do Governo Federal, que incluem desde desenvolvimento de vacina até estudos sobre o impacto da doença no organismo dos pacientes infectados.

Redação – Gisele Krama


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