Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394
Psicoterapeuta Corporal e Tanatóloga
Expressar as próprias emoções faz parte da capacidade humana, mas infelizmente nem todas as pessoas aprenderam a utilizar isto a seu favor. Há quem não aceite o contato com as próprias emoções e vivem sem refletir sobre as suas escolhas, há quem não se autorize chorar, sentir medo, saudade, tristeza… Mas nem sempre não expressar o que sente é sinal de insensibilidade ou de algum transtorno de personalidade, ás vezes a repressão emocional está conectada a questões existenciais. Bom, quantos de nós em algum momento já suprimiu um sentimento para demonstrar força, seriedade, autocontrole?
Na infância com os amiguinhos, era comum os desafios para saber quem aguentava correr mais, pular mais, pegar mais peso… tudo isso sem reclamar ou parar para descansar. E a força era medida assim. Porém eram brincadeiras, mas há quem tenha aprendido a se exigir força para evitar lidar com críticas e humilhação e isso não foi aprendido nas brincadeiras de infância não, mas sim nas relações familiares. Quantos de nós continuamos vivendo diariamente este desafio de “faz de conta que não dói”?
Com o passar do tempo os objetivos já mudaram inúmeras vezes, mas há quem permaneça ali: cronicamente estafado e apático. Algumas pessoas chegam no consultório e dizem: “eu tenho me irritado com coisas tão banais”, ou: “eu sempre aguentei tudo, mas ultimamente tenho vontade de jogar tudo pro alto”… O que há por trás destas falas é o resultado da supressão emocional. Esconderam tanto o que sentiam que uma hora o corpo chegou no seu limite e começou a mandar sinais de que estava sem forças para continuar vivendo no faz de conta que não sinto.
Se você se identifica com esta realidade, te proponho se fazer duas perguntas:
- Onde foi que você aprendeu que precisaria omitir o que sentia?
- Qual era o ganho por trás desta ação?
As vezes o ganho era não perder algo: a aprovação dos pais, o respeito dos colegas, a admiração do parceiro… Geralmente esta condição existencial se estrutura ainda na infância quando a criança não possui condições de lidar com a perda de algo que considera importante para si, então faz uma troca: oferece sua bravura em prol do que tanto ama. E quando cresce continua vivendo dentro deste padrão existencial.
Se você percebe que o seu corpo está solicitando mais a sua atenção através de dores ou sintomas físicos, acolha este pedido dele, se ofereça uma trégua: saia do desafio de tentar construir armaduras ao redor de si, porque estas armaduras podem até impedir que você se conecte com alguns medos, mas elas certamente pesam e custam a sua saúde emocional.
As armaduras só são importantes para nos proteger de algo que causa dor, mas quando estas dores são aceitas e elaboradas, as armaduras se tornam desnecessárias.