Não conhecemos o mundo
Não por completo
Nem por inteiro
Mal conhecemos um pedaço
Ou o torrão onde vivemos
O que chamamos de bairro
Ou vila
Ou comunidade
Ou condomínio
Ou aldeia
Ou cidade
Não conhecemos nem muito
Muito pouco, bem pouco, na verdade
É verdade, é bem pouco o que conhecemos
Desse mundo inteiro
E, mesmo que se viaje
Todo o mundo não cabe
Na palma da mão
Nem na memória
Do registro fotográfico
Ou no registro da história
Não conhecemos o mundo
Não por completo
Nem por inteiro
Mas o conhecemos
Por sonhos e “estórias”
Por contos e por dados estatísticos
Conhecemos um pouco disso e daquilo
Talvez algum mapa
E, mesmo que se viaje
Todo o mundo não cabe
Nos livros de história
Há sempre alguém a ser inventado
Há sempre um povo deixado de lado
Uma cultura tão bela como as outras
Sempre há um aprendizado
Mesmo o mundo todo não cabendo
Nesse punhado de terra que trazemos nas mãos
Mesmo o mundo não cabendo nesses passos
Apressados, apertados, angustiados
Ou mesmo passos calados
Olhamos o horizonte bem ao longe
Quando subimos alto
E abraçamos tudo que alcançamos
Conhecemos mais um pouco,
Um ou outro ponto de vista
Outro ângulo,
A vista de um novo ponto
E, mesmo que muito se olhe
O mundo todo é bem maior
Do que o nosso olhar engole
Não conhecemos o mundo
Nem nosso planeta
Nem o universo
Mas conhecemos muitos mundos
Talvez partes e versões
Do que chamamos intelecto
Ou mesmo intimidade
Disso, vá lá, conhecemo-nos algo
Em partes
De resto, tudo sempre é resto
Não porque sobra
Nem porque falta
É porque sempre é muito mais
A cada dia que a gente aqui nesse mundo passa
Porque o mundo cresce com a vida
A vida cresce com a gente
Até quem diz quem não se importa
(Infeliz, mente…)
Sabe realmente que sente
Porque o mundo cobra
Mesmo que a gente não conheça
Esse mundaréu
Nem por inteiro
Nem por completo
Há sempre o que aprender
Há sempre o que conhecer
Do horizonte mais distante
Até a soleira da nossa porta.