Jéssica Horácio – Psicóloga CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
Essa é uma fala muito comum utilizada para expressar arrependimento. Seja a perda caracterizada por um emprego, um relacionamento, uma pessoa… Sabe quando você queria tanto que sua realidade fosse diferente que começa então a olhar pra vida com os olhos no passado, apegado ao que já viveu? Ou ainda, quando você tem a tendência em se culpar por tudo aquilo que não saiu como o planejado? Sabe quando o medo de construir um futuro a partir de limitações é tão grande que se lamentar pelo o que não aconteceu se torna “mais fácil”? O que isso tudo tem em comum? A forma como lidamos com as perdas.
Quando o momento presente não é vivido conscientemente, e de repente algo dele é perdido, surge o arrependimento que vem sempre acompanhado de lamentos, culpas, melancolia, idealizações… O problema não está necessariamente no que foi perdido, até porque a perda é a única certeza que se tem da vida (em algum momento acontecerá embora não consideremos isto), mas sim no que vem associado à perda, na forma como se lida com ela.
Lembro de uma senhora de aproximadamente 70 anos que se lamentava por ter dito ao primeiro namorado que não queria se casar com ele por ser nova demais, e que em virtude disso nunca se perdoou pela decisão que tomara. Viveu mais tempo se sentindo culpada e se lamentando pela vida que não teve do que se engajando em fazer o melhor que podia da vida que efetivamente estava diante de si.
Os lamentos, arrependimentos e as queixas a respeito do momento presente são feitas por pessoas que se orientam inconscientemente através do papel de vítimas da vida. Uma vez que acreditam ser vítimas dos infortúnios do tempo, das pessoas e do espaço, não encontram alternativas para modificar o padrão existencial no qual se encontram.
Então, saber da impermanência da vida se torna fundamental para construir experiências mais conscientes e satisfatórias. O caminho nem sempre é possível de ser revertido, as perdas geralmente implicam em finitude, contudo ainda assim é necessário encontrar meios de elaborar a perda e viver novamente melhor o presente.