Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
Sentir-se amado para algumas pessoas representa sentir-se sufocado. Esta foi a experiência amorosa que tiveram na infância e que se cristalizou em sua psiquê como sinônimo de amar e ser amado. Geralmente crianças muito franzinas passam para os pais e cuidadores a impressão de que precisam serem protegidas constantemente, pais extremamente inseguros também são responsáveis por superprotegerem seus filhos, é assim que estas crianças acabam perdendo o contato com a liberdade e evitando fazer descobertas acerca de si e do mundo ao seu redor. Crescem com uma percepção distorcida da realidade: tudo se torna extremamente perigoso, viver é quase uma prova de fogo, sentem-se ameaçadas pelos riscos o tempo todo.
Desta forma, estas pessoas não conseguem ousar e atender seus próprios desejos por mais que eles clamem por satisfação. O medo do desconhecido é tão profundo que acaba boicotando sonhos e impedindo a construção de novos vínculos afetivos. Assim se colocam na obrigação de permanecerem em relacionamentos onde há submissão, em que precisam se colocar como dependentes para sentirem-se protegidas e ou cuidadas. São pessoas escapistas, utilizam a fuga como meio de sobrevivência, então não se vinculam, não se apresentam ao mundo.
Geralmente possuem muito medo de se expor, apresentar trabalhos, dialogar com um desconhecido, desenvolver contato íntimo… Poderão fugir de tudo aquilo que remeter à si a sensação de serem sufocados, então se iniciarem algum relacionamento, sairão dele antes de se envolverem afetivamente devido ao medo de perderem o pouco de liberdade que possuem, ou em contrapartida, podem se fixar em uma relação em que se submetem justamente porque ali já conhecem “seu ambiente” não precisando assim lidar com o desconhecido .
São pessoas que sentem que não são amadas integralmente mas somente quando se colocam na posição de incapazes ou dependentes, é por isso que podem buscar desempenhar este papel na vida pois por mais que ele as deixe sufocadas, trazem um ganho secundário: as tiram do contato com o desconhecido, assim não precisam enfrentar seus medos e podem receber alguma forma de cuidado e atenção.
Todos querem receber amor, porém por associar amor a falta de liberdade, indivíduos que agem a partir destas características tendem a se isolar do mundo e com isto reforçam a crença interna de que não são bons o suficiente e de que são incapazes de receber amor mesmo que este as sufoque.
Se você se identifica com estas características ou conhece alguém que possui dificuldade de se apresentar ao mundo, procure ou sugira o início de um tratamento psicológico. As nossas experiências do passado originam nossas dores do presente e constroem nosso destino, não permita que seu futuro seja regido por crenças internas que não possuem contato com a realidade.
O amor pode ser muito mais leve do que a sensação de estar sendo sufocado, pode nos permitir sermos livres, independentes e autônomos, e contribuir para o fortalecimento da nossa auto estima. Para isso é fundamental que questionemos qual a nossa responsabilidade diante do sofrimento que sentimos.