A famosa alegoria da caverna de Platão sempre nos traz boas reflexões. Afinal, vivendo nesse mundo ‘moderno’, digital, quem não está preso em alguma caverna?
Uns abandonam a TV, outros não ouvem mais rádio, já vi gente que não assiste filmes e até uns impossíveis que não leem livros. E se orgulham da própria ignorância…
Na caverna descrita por Platão, os que estavam presos só viam sombras da realidade e as aceitavam como a própria realidade. Para muitos, a realidade hoje é compartilhada pelo whatsapp, pelo Facebook ou algum grupo virtual liderado por algum “profético” ser iluminado.
Uns estufam o peito para gritar orgulhosos ao mundo todo como conseguiram sair da caverna. São agora felizes e nada mais importa, a não ser a sua opinião de gente livre, mais livre que o restante daqueles que ainda deliram com as sombras na parede. A liberdade orgulhosa individual também se converte numa nova caverna.
Outros dizem não se importar muito, alguns até alegam não dar atenção aos possíveis ‘likes’ em suas redes sociais. Libertos estão das cavernas, das outras cavernas. Porém, agora prendem-se à cavernas fotográficas que almejam corações alegóricos e polegares aos céus. A auto exposição exacerbada é só então outra caverna…
Mesmo o que aqui exponho converte-se noutro dilema: nem preso nem liberto, vagando num limbo de ser e não estar, de ter e não ousar, de não ir e nem ficar.
Ao final, podem ser somente algumas linhas, perdidas nessa reflexão. Alguns não conseguem entender essas linhas, alguns já estão no fim da linha, outros apenas começando.
Uns saem de suas cavernas, outros as enfeitam. Quem somos para julgar o que ignoram aqueles que sequer sabem que sabem? E nós, em nossa ânsia de liberdade, podemos realmente saber algo? Dentro ou fora da caverna?