Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal

Você está revisitando seu passado constantemente? Se sua resposta for afirmativa é provável que você tem perdido noites de sono, se desconcentrado naquelas atividades que fazia de olhos fechados, aliás, é possível que quando você fecha os olhos só consiga ver flashbacks que geralmente são acompanhados de alguns suspiros profundos e dolorosos. Então é necessário se questionar: O que é que existiu lá atrás, na sua história passada que te desperta tanto o interesse a ponto de te fazer perder o contato com o seu aqui e agora? E ainda: O que foi que existiu de importante que te faz querer voltar para lá a todo momento?

Cada vez que o passado é revisitado sem um objetivo concreto, acordam-se algumas lembranças que estavam adormecidas e sem uma auto análise, elas ganham força e se apropriam da realidade presente. É por isso também que algumas pessoas ficam saudosistas e com importante dificuldade de construir novas histórias.

Então, uma outra pergunta que cabe é: Como se chama o medo que te impede de se apropriar das experiências presentes? Para alguns se chama medo da frustração, para outros, medo do desconhecido, falta de controle… Cada indivíduo possui traumas emocionais que os incapacita de administrar o presente com propriedade e segurança, sendo assim, identificar as marcas que ficaram de um passado é tão importante quanto aquilo que geraram tais marcas.

É importante considerar que o passado pode ser melhor aproveitado quando identificamos o que buscamos nele, ou seja, seu funcionamento saudável está vinculado a atribuição que damos à ele. Passado é como um mapa, funciona melhor quando sabemos pra onde queremos ir e pra quê. Então, saber como você tem utilizado a sua história é fundamental para reconhecer como a sua vida está sendo conduzida.

Vale questionar pra onde esse saudosismo e essa nostalgia estão levando você. Costumo dizer que a nostalgia funciona como os filmes românticos mais antigos, eles viciam sem nos darmos conta, tanto os filmes quanto a nostalgia promovem uma fuga da realidade e proporcionam contato com idealizações e fantasias. Chega um momento que começamos a buscar aquilo que existe somente nos filmes, ou no passado, ou na nossa mente idealista… Passamos a não caber dentro da realidade da vida, e isso é tão perigoso quanto não saber o que queremos fazer dela.

Por isso, respire fundo, se olhe no espelho, se toque e se pergunte o que está lhe faltando. Talvez tudo esteja aí à sua disposição, mas, caso não esteja, ao menos você já saberá o que quer, e uma certeza que se pode ter é que não será no passado que você irá encontrá-la.