Quando aos 22 já me achava cheio de experiências, falhas e acertos e estava certo. Hoje, mais de uma década depois parece que o tempo ficou ainda mais distante de tudo e todos. Aliás, tão próximos hoje do maravilhamento tecnológico que nos distanciamos ainda mais de tudo e de todos.
Arrotar o alfabeto, pular em poça de barro, jogar bosta seca nos amigos no campo de futebol e disputar pra ver quem ia pagar o chup-chup… Era tanta felicidade, tanta intensidade em tudo que hoje o passado parece mais esmaecido que filtro de instagram.
As pessoas precisam usar menos filtros virtuais e usar mais filtros morais; “Sei lá, acho que é isso”, dizemos. Filtrar nossos pensamentos mas, principalmente nossas palavras e profundamente nosso ódio cotidiano que esmaga insanamente cada ser que de nós se aproxima.
Rumamos um calvário de desavenças sem fim, de disputas estúpidas por ser melhor que qualquer outra pessoa em qualquer coisa que seja. No entanto conseguimos sorrir em conquistas pequenas, quase fugazes e tão frágeis que ficarão apenas em nossa memória, tão escondidas quanto as fotos dessas minúsculas vitorias que se amontoarão nas redes sociais da vida. Redes virtuais de mentirinha onde a mentirinha é a mais ‘pobre coitada’ de todas as coisas por lá inventadas.
Um show de fogos de artifício, coisa que nos era tão rara e hoje já nem gosto porque incomoda cães e gatos que nada nos devem. O sorriso intenso e largo de uma nova cascata descoberta ou mesmo o grito de gol incontido durante noventa minutos ou mesmo o gosto incomum pelo mesmo filme choroso, melancólico e que cruelmente faz chorar os opostos políticos. São coisas que nos unem, porém preferimos nos separar.
Nos odiamos à toa e éramos tão felizes quando crianças. Bem, aos que foram permitido ser crianças. Alguns tentam ser felizes agora quando deveriam era proporcionar a felicidade às suas próprias crianças. Quem realmente devemos culpar ao final?
Suspiro.
Então um lapso e silêncio. Silencio, eu também, no verbo silenciar.
Só o sono, só ele dando as caras por aqui para me fazer ressuscitar algum sentimento após um proverbial “todo mundo é bom” proposto por um amigo exatamente na rede social que mais agrega essas impacientes ‘coisas da vida’ mais estranhas que nos unem e nos separam.