As Forças de Segurança de Santa Catarina divulgaram, em entrevista coletiva no final da manhã desta quinta-feira (24), os detalhes envolvendo o sequestro e a libertação de uma menina de 11 anos ocorrido na noite de quarta-feira (23), em Criciúma, sul do Estado. A menina foi resgatada por volta das 23h da quarta-feira. Ela estava com pés e mãos amarradas e olhos vendados e foi deixada à beira de uma estrada no município de Três Cachoeiras, no Rio Grande do Sul. Até o momento uma pessoa foi presa. A investigação prossegue visando a responsabilização dos demais autores.
“A melhor Segurança Pública do Brasil não decepciona: a menina sequestrada em Criciúma já está em casa sã e salva. Graças a Deus e ao preparo das nossas forças de Segurança”, disse o governador Jorginho Mello.
O delegado-geral da Polícia Civil de SC, Ulisses Gabriel, abriu a coletiva destacando a qualidade a efetividade da Polícia Civil em suas ações. “Eu sou um técnico que tem um grande time e tenho felicidade de estar na direção desta equipe que tem as pessoas certas, nos lugares certos. A nossa instituição é referência nacional e está se preparando para ser referência internacional”, enfatizou. Ulisses Gabriel agradeceu e parabenizou a união das forças de segurança para chegar ao melhor resultado: trazer a menina de volta à sua família.
O sequestro
De acordo com o delegado Anselmo Cruz, titular da Delegacia de Roubos e Antissequestros da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DRAS/DEIC), a menina foi arrebatada quando ela e o pai chegavam a casa, após assistir uma partida futebol. Ao ver uma corrente no portão de entrada, o pai da menina estacionou o carro em via pública e, em seguida, chegaram cinco criminosos em dois veículos. Na abordagem o pai da menina tentou reagir, sem sucesso.
Os criminosos saíram do local levando a criança. O primeiro contato dos sequestradores com a família foi por volta das 6h, por meio de uma rede social. As equipes da DRAS e da Divisão de Investigação Criminal de Criciúma, que já estavam mobilizadas, começaram a realizar diligências não só para apurar o crime, mas principalmente para preservar a vida da vítima.
Durante todo o período – cerca de 24 horas – em que esteve sob controle dos criminosos, a menina foi mantida amarrada no porta-malas dos veículos. Até o momento, sabe-se que eles usaram pelo menos três carros, sendo que um foi incendiado e outros dois abandonados. O fato de não ser um cativeiro fixo dificultou ainda mais os trabalhos da polícia, pois aumentava o risco à vida do refém.
“A abordagem, perseguição, uma situação de pressão, pode colocar a vida do refém num risco maior”, disse o delegado Anselmo. Ele destacou ainda que a divulgação de informações sobre o caso foi restringida – não para dificultar o trabalho da imprensa, mas sim porque tais divulgações aumentam exponencialmente o risco da vítima ser morta.
Garantir a vida
Sobre o desenrolar das ações, o delegado Anselmo explicou que, preenchidas algumas características para se enquadrar como evento crítico, é preciso fazer o gerenciamento de crise, momento em que se estabelecem duas frentes de trabalho: a primeira é para preservar a vida da vítima; a outra é a negociação, identificação dos criminosos e localização dos autores. Em paralelo à investigação, é preciso buscar indícios de autoria para dar materialidade ao crime, papel realizado com o relevante apoio da Polícia Científica.
Anselmo Cruz contou ainda que após a Polícia Militar atender à ocorrência, a DIC de Criciúma mobilizou suas equipes e começou a trabalhar junto com a DRAS. A Polícia Civil, por meio de suas especializadas, começou um trabalho silencioso que nem a família da vítima consegue ver, cujo objetivo é garantir a vida do refém.
Força-tarefa
O delegado Yuri Miqueluzzi enfatizou a união das forças de segurança e destacou o papel dos agentes e escrivães de polícia durante todo o período do sequestro. Para ele duas palavras definem o trabalho das últimas 24 horas: “Complexidade, porque é tudo diferente, e sucesso, porque a menina já está a salvo com seus familiares”.
Em sua manifestação, a perita-geral da Polícia Científica, Andressa Fronza, relatou que desde que tomou conhecimento do fato, a PCI montou uma força-tarefa para começar o processamento dos vestígios a fim de contribuir com a investigação.
O secretário adjunto da segurança Pública, Freibergue Rubem do Nascimento, destacou a liderança de todo o processo conduzida pelos delegados da DRAS, Anselmo Cruz, e da DIC de Criciúma, Yuri Miqueluzzi. “A SSP deu seu contributo por meio de suas polícias chegando a um resultado muito bom. Temos forças policiais de alto gabarito”, disse.
Em nome da Polícia Militar, o tenente-coronel Vilson Schlickmann destacou que a PM começou as rondas ostensivas, imediatamente após o fato, mobilizando suas equipes de inteligência, compartilhando informações entre as forças de segurança com foco em resgatar a menina.