Como maior exportador de carne suína do país, Santa Catarina ainda analisa as conseqüências da decisão do Serviço Federal Sanitário e Fitossanitário da Rússia sobre a suspensão da importação de carne suína produzida no Brasil, devido à presença de ractopamina e outros estimulantes para o crescimento muscular dos animais.
O uso de ractopamina é permitido no Brasil e nos Estados Unidos, porém proibido na Europa e na Ásia. Para evitar qualquer tipo de contaminação, o Brasil utiliza o sistema de segregação de suínos para exportação de carne para a Rússia e Japão, por exemplo. Ou seja, os suínos recebem outro tipo de ração e são criados em outros locais, não tendo contato com os animais que serão destinados para mercados que permitem o uso da substância.
O secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Moacir Sopelsa, ressalta que o sistema catarinense de produção de carnes é extremamente confiável, tanto que o estado tem acesso aos mercados mais exigentes do mundo, e passa constantemente por auditorias do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e também da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). “Nós demoramos muito para conquistar os mercados que temos hoje e tomamos todo cuidado para atender todas as exigências internacionais. Estamos ansiosos por mais informações para que possamos averiguar a denúncia da Rússia”, ressalta.
Normalmente já há uma queda nas vendas para a Rússia a partir de novembro, afinal, com o início do inverno, os portos russos congelam e praticamente não acontecem mais embarques de carnes para o país. As vendas então retornam em fevereiro. “Nossas indústrias estão preparadas para a diminuição nas vendas para a Rússia nesse período e, com o aquecimento na economia brasileira, nossa expectativa é ampliar as vendas no mercado interno. Mas é importante esclarecer que o Estado ainda não recebeu nenhuma notificação das autoridades russas sobre a suspensão de importação e nem mesmo sobre a contaminação nas carnes vendidas”, afirma Sopelsa.
Até o momento as autoridades russas não divulgaram a origem da carne contaminada com ractopamina nem os exames laboratoriais que comprovam a presença da substância. Na tarde desta terça-feira, 21, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura solicitou ao Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia que envie os certificados do serviço de inspeção e os laudos laboratoriais indicando a presença do estimulante de crescimento para que, assim, possa fazer uma investigação interna. Os documentos já estão sob posse da embaixada brasileira em Moscou e devem ser enviados ao Brasil ainda nesta quarta-feira, 22.
A Rússia é um importante mercado para a suinocultura catarinense e responde por 39,6% do total exportado pelo estado este ano. De janeiro a outubro, Santa Catarina embarcou 92,6 mil toneladas para a Rússia, faturando mais de US$ 246 milhões.
Santa Catarina é o maior produtor nacional de suínos com 969 mil toneladas produzidas em 2016, sendo que 28,3% desse total são destinados para a exportação. Os principais mercados internacionais para a carne suína catarinense são: Rússia, China e Hong Kong.