A Comissão de Seguridade Social da Câmara realizou no fim da última semana, a pedido da deputada Geovania de Sá (PSDB/SC), uma audiência pública para debater um assunto pouco conhecido pela população, a Síndrome de Burnout. Trata-se de um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental cuja causa está ligada à vida profissional.
A deputada explica que o debate foi fundamental para que a doença seja esclarecida à sociedade. A parlamentar cobrou mais divulgação por parte dos ministérios da Saúde e do Trabalho. “Nós, enquanto políticos, precisamos encaminhar projetos e também exigir que os ministérios façam campanhas publicitárias para que divulguem melhor essa síndrome que está presente hoje no mercado de trabalho”, justifica.
Para Geovania, esse é um tema importante e que necessita de um maior aprofundamento para conscientização da população sobre a importância do tratamento, principalmente nos estágios iniciais. “A doença foi detectada na década de 80, mas até mesmo o representante do Ministério da Saúde reconheceu que não existem campanhas que divulguem e esclareçam essa síndrome para a população”, afirma.
Sintomas
De acordo com a médica perita do INSS Betyna Corbal, o fator desencadeante mais frequente é uma situação de sobrecarga ou frustração no trabalho. O quadro clínico da síndrome de Burnout é muito variado, com sintomas como insônia, fadiga e inquietação. Há possibilidade de confusão com um transtorno depressivo.
Para a professora e psicóloga Ana Maria Pereira, o trabalho não está apenas relacionado ao sustento, mas também revela a identidade individual do ser humano. “O trabalho é visto como um instrumento de poder, mas que seja também uma fonte de prazer e realização pessoal. Isso seria o ideal”, justifica. Ana Maria é autora do livro “Burnout: Quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador”.
A psicóloga alerta, que quando o indivíduo se cala, o seu corpo acaba falando por ele. É o que acontece no Burnout. Ela lembra que as três dimensões características do Burnout, apesar de existirem outras definições, são: exaustão emocional, desumanização e reduzida realização profissional no trabalho.
Segundo o médico sanitarista Jorge Huet Machado, o setor público vem acompanhando o processo de aposentadoria no país e identificou que os profissionais da educação e saúde são os que mais se aposentam precocemente por conta de doenças mentais.