CRP 12/14394 – Psicóloga e psicoterapeuta Corporal
Se tornou comum a presença da palavra “tóxico” na área da psicologia. Tóxico se refere à tudo aquilo que prejudica, que causa danos, que é disfuncional. Este termo aparece principalmente para designar as relações que adoecem algum dos indivíduos envolvidos nela. Podemos compreender como relações tóxicas aquelas que sinalizam qualquer forma de abuso: seja ele de poder, psicológico, financeiro, sexual… Uma relação abusiva é aquela em que existe a presença de uma figura que utiliza de jogos psicológicos para conseguir o que quer, e uma outra que por não ter condições, sejam elas física, psíquica, cognitiva…, não consegue se defender ou romper com a relação.
É comum porém, que algumas vítimas tenham dificuldade de identificar que estão vivendo em uma relação abusiva/tóxica, isso porque alguns comportamentos que aparecem com frequencia nessas relações dificultam esta percepção. Geralmente, no início do relacionamento o parceiro perverso age cordialmente: costuma ser atencioso, cuidadoso, faz grandes demonstrações de amor envolvendo surpresas intensas e inusitadas, se torna presente constantemente e acaba se tornando a prioridade na vida do outro e denominando este comportamento como um dos sinais de que se está amando.
Contudo, em seguida ou concomitantemente desta série de comportamentos considerados pela a vítima como positivos, o parceiro perverso também tem atitudes que prejudicam a pessoa com quem se relaciona. As traições constantes por exemplo, podem ser usadas como forma de punir a vítima, pode começar a surgir uma pessoa extremamente ciumenta que impede o contato da vítima com outras pessoas, comportamentos persecutórios são frequentes também nessas relações além de uma necessidade de investigar o que a vítima está pensando e sentindo quando não está demonstrando o seu “amor” único e exclusivamente para o parceiro considerado perverso, estratégias de manipulação, negligência, chantagem emocional e exploração são traços importantes deste formato de relacionamento.
A característica principal destas relações é o ciclo abusivo: ora a relação está ótima (demonstrações de afeto), ora está destrutiva (comportamentos abusivos), e somado à isso existe a paixão da vítima pelo parceiro perverso, que é o fator principal que dificulta a percepção da vítima sobre a toxidade da relação, e mesmo quando percebe, tem dificuldades de dizer: “Chega!” e romper com o relacionamento.
Isso ocorre porque a paixão corresponde a uma fuga da realidade, logo, fica difícil perceber o que é real (possui embasamento, é concreto) e o que é uma idealização (fruto das próprias fantasias e carências). Então, além disso existe um outro fator importante que também contribui para a vivência de relações tóxicas, este fator corresponde à auto estima de quem se submeteu à relação. Devido ás vezes, a crenças e sentimentos negativos sobre si, a pessoa passa a aceitar qualquer forma de “amar” do outro. Assim não se valoriza e aceita o pouco que o outro lhe oferece, ou, desconsidera todas as falhas dele e valoriza apenas o que pensa que lhe favorece.
As relações abusivas são definitivamente prejudiciais, causam grandes danos a nível emocional, comportamental, físico, mental. Portanto, para se evitar entrar em relações com este formato, é essencial desenvolver o autoconhecimento para a partir dele poder identificar:
- QUEM EU SOU,
- O QUE EU QUERO,
- O QUE EU PRECISO.
E a partir disso desenvolver uma auto estima positiva, que possibilite a busca para satisfazer as próprias necessidades, preferências e desejos.
Portanto, perceba que tipo de amor você está aceitando receber e se ele é condizente com o amor que você sente por si mesmo.