Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
“Quero mas não posso”, “Vou me sentir humilhada se demonstrar novamente meu interesse”, “O amor sempre vale a pena”, “Faço de tudo pra ser feliz”…
Essas falas são verdadeiras e igualmente contraditórias embora venham da mesma pessoa. Há quem escolha viver para zelar pelo seu amor próprio mas, diante de uma paixão ou amor, sofrem porque no seu íntimo a vontade que prevalece é a de se entregar à relação apesar de todos os danos que já sofreram neste mesmo relacionamento. Então se vêem entre um conflito: dar voz ao seu ponderamento ou dar voz ao seu sentimento?
Externamente estas pessoas são altamente decididas e empoderadas, apresentam segurança sobre aquilo que buscam, conseguem definir limites e cuidar do seu “EU”, porém, internamente são sensíveis e intensas, ao lidarem com aquilo que ameaça a sua estabilidade psíquica ficam apreensivas e confusas sobre como agir, seus sentimentos vivem “a flor da pele” e se “derretem” por todas as manifestações de amor e cuidado, e supõe-se que por conta disto, evitam sentir para não se tornarem vulneráveis a dependência e frustração.
Há quem lute constantemente para calar um de seus lados: ou a razão ou a emoção. É uma tentativa de evitar sofrimento, assim constroem inconscientemente máscaras ou coberturas psíquicas como uma forma de se proteger daquilo que as ameaça desenvolvendo assim as crises existenciais.
Os conflitos ou as crises existenciais se configuram pela dificuldade em se reconhecer e assumir quem se escolheu ser. É assim que as decisões ficam confusas, as vontades se tornam mal definidas e os sentimentos completamente desconectados.
A vida pede uma escolha e é necessário identificar quem se optou ser apesar de todas as abdicações que esta escolha originou. É deste modo, sabendo lidar com as frustrações que cada um dos dois jeitos implica que é possível bancar a decisão de simplesmente mergulhar na relação ou se afastar dela. Uma pergunta importante que é feita no setting terapêutico é a seguinte: Com quais perdas você está disposta a lidar? É através da resposta que é possível identificar quem o indivíduo escolheu ser e refletir junto à ele se quer realmente assumir esta escolha ou, enfrentar seus conflitos para permitir que a ausência deles torne a escolha consciente e elaborada psiquicamente. É que tudo aquilo que não é elaborado: medo da rejeição, da humilhação, da frustração, acaba norteando as ações humanas, contudo, quando os medos são enfrentados, as decisões aparecem com maior segurança e livres de qualquer sofrimento.