Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394
Psicoterapeuta corporal e tanatóloga
Sabe essa angústia que está pairando sobre cada um de nós neste momento? Ela é fruto do nosso desejo de fazer tudo mas saber que este tudo não está nas mãos de uma única pessoa, esse tudo está nas mãos do mundo inteiro. Mas o que alivia a angústia não é olhar para o que o outro está ou não fazendo, é olhar para o que eu estou fazendo com aquilo que me afeta. E não, não é egoísmo quando eu olho para as minhas dores e começo a cuidar delas, é egoísmo quando eu não cuido do meu entorno e exijo que alguém faça isso por mim, ou quando o meu olhar está voltado somente para a imagem que vou passar se eu fizer “uma coisa boa”.
Talvez agora possamos perceber que quando somos simpáticos, atenciosos, só para agradar o outro, na verdade não estamos sendo altruístas, nem contribuindo para um mundo mais saudável, estamos pensando exclusivamente nos ganhos que teremos se formos agradáveis e replicando uma barganha psicológica que nos torna reféns de elogios e aprovações. Ser agradável para ganhar elogio ou aprovação não contribui para o coletivo, não nos torna empáticos. O que nos torna empáticos é quando respeitamos os decretos governamentais para evitar a disseminação de um vírus, é quando saímos de casa em época de quarentena somente quando extremamente necessário, é quando não compramos mais álcool em gel do que verdadeiramente iremos usar, é quando damos a nossa máscara para alguém que realmente está doente. Ou quando vemos um familiar ou amigo muito ansioso e nos prontificamos em buscar ajuda psicológica online para ele.
É momento de autopercepção, de conhecer os nomes das nossas dores, de descobrir o que as ameniza, o que as intensifica e de cuidarmos de nós para podermos automaticamente cuidar do outro. Os noticiários estão aumentando o seu medo? Escolha assistir um filme que te acalma. A família só comenta sobre o que os noticiários dizem? Mostra à ela que você está com dificuldade de encontrar um pouco de paz dentro de si e que gostaria da ajuda dela. Um amigo te pergunta assustado o que será de vocês depois desta situação? Diga à ele que você também não sabe e que gastar energia neste momento tentando prever o imprevisível só aumentará a sua ansiedade.
O agora está gritando, pedindo colo, carinho, palavras acolhedoras, solidariedade, comportamentos objetivos e práticos, informações verídicas. Quando o agora grita, não adianta dar para ele uma dose de passado “ah se tivéssemos feito algo antes”, nem de futuro “o pior ainda nem aconteceu”. Quando o agora grita nós temos que parar para escutá-lo e mostrar que apesar de não termos todas as respostas, nos comprometeremos com aquelas que temos, agora:
- Lavar as mãos com água e sabão evita a contaminação;
- Ficar em casa evita a disseminação;
- Passar notícias verdadeiras colabora para a informação;
Se cuide e quando perceber, o mundo todo estará cuidado.