Médicos estão preocupados com o pós Covid-19 e suas repercussões na saúde integral da população em geral. Há cinco meses, um vírus com capacidade de transmissão rápida transformou nossas rotinas e ainda se tem muito com o que preocupar em relação às consequências da pandemia mesmo para quem não contrair o coronavírus.
O cardiologista Christian Dal Pont faz o alerta para todas as fases da doença, que vão além do período de contaminação. São quatro ondas da pandemia. A primeira é o achatamento da curva para diminuir o pico de casos num curto espaço de tempo e com o sistema de saúde administrável para quantidade de doentes que vai aparecer.
“Na segunda, estão os doentes graves de outras enfermidades, que, neste momento, estão deixando de fazer o tratamento por medo de procurar atendimento nos hospitais, clínicas e consultórios e serem contaminados pelo coronavírus”, explica Christian. Posteriormente, a terceira onda é daqueles doentes novos, que não tinham nada, eram saudáveis e apresentarão uma doença grave por falta de diagnóstico precoce.
“A mais duradoura e preocupante é a quarta fase: a dos transtornos emocionais, como depressão, ansiedade, que começa de forma linear pela exposição ao trauma do isolamento e cuidados impostos pela quarentena”, aponta o cardiologista.
Esta quarta onda do ciclo crescerá gradativamente e vai muito além da duração da pandemia propriamente dita. Esse cenário aumentará bastante o atendimento psiquiátrico. “Já estamos vendo na prática clínica, no consultório, muitos atendimentos de pacientes somatizando. Ele vem com uma queixa que acha ser cardiológica, mas, no fundo, trata-se de um transtorno emocional relacionado com a crise do Covid-19”, exemplifica.
Conforme a Sociedade Brasileira de Cardiologia, 14 milhões de brasileiros têm alguma doença cardiovascular, 380 mil morrem anualmente em decorrência da patologia, aproximadamente 1000/dia, o mesmo número estimado em função da pandemia da Covid-19.