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Quando chove aí dentro

Jéssica Horácio de Souza

Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394

Psicoterapeuta corporal e tanatóloga

Tem dias que a gente abre os olhos e plim, a energia interna acorda no seu nível máximo, nestes dias não é necessário recorrer a nenhuma estratégia para se manter bem: nós simplesmente estamos bem. É consequência da temperatura? Resquícios do dia anterior? Um sonho bom que tivemos? Nem sempre teremos estas respostas, mas às vezes basta saber que somos humanos e que as emoções fazem parte da nossa construção, e que elas oscilam independentemente do nosso querer.

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Mas há dias em que a tristeza, o desânimo, o cansaço e o medo despertam junto com a gente. São dias em que o choro fica preso na garganta, que o coração palpita mais que o habitual, que a boca fica seca e parece que existe um tijolo pressionando o nosso peito. Quando esses dias se tornam recorrentes é muito importante procurar ajuda profissional para entender o que está promovendo este amontoado de sensações e emoções dolorosas com tanta frequência. Mas, às vezes estes dias são só dias e não estão associados a nenhuma psicopatologia. O autoconhecimento que se dá através da psicoterapia é quem nos ajudará a fazer esta identificação.

E tão importante quanto procurar auxílio psicológico e psiquiátrico é aprender a desenvolver estratégias de autoacolhimento. Eu costumo chamar estas estratégias de kit de primeiros socorros emocionais, é porque é exatamente este o objetivo deste “kit”: nos amparar nos momentos em que as emoções e sensações dificultam a fluidez sobre a vida.

Quando chove lá fora você sabe exatamente o que precisa ter e fazer para se proteger: ter um guarda-chuva ou uma capa de chuva, sapatos fechados que não absorvam água, também sabe as atitudes que precisa tomar para não se molhar e nem pegar um resfriado: evitar andar na chuva, tirar a roupa que molhou, se for frio, tomar uma bebida quentinha… Mas, será que você sabe do que precisa quando a chuva não acontece lá fora mas sim dentro de você?

Me diz uma coisa, você sabe o que te acalma? Você conhece o que te conecta consigo? Você sabe do que precisa nestes de emoções nubladas e chuvosas?

O fato é que algumas famílias não possuem uma boa relação com as próprias emoções e por conta disso, acabam não estimulando nos seus membros o contato emocional. É por isso também que muitas pessoas crescem desconhecendo os próprios sentimentos e atrofiando a capacidade de desenvolver recursos para lidar com esta característica necessariamente humanas.

Estamos nos mês de setembro em que a saúde mental é abordada através de campanhas de conscientização sobre a vida, e não só neste mês mas durante todo o ano é necessário falarmos sobre este tema que ainda é cercado de tabus e preconceitos.

Por isso eu gostaria de te deixar a tarefa de ao longo desta semana, voltar o olhar mais para si e perceber o que é necessário inserir no seu kit de autocuidado. Será que nos dias em que a sua energia está baixinha você precisa de um abraço? Ou será que estar consigo é a melhor alternativa? Músicas tristes ou alegres? Qual filme te acolhe? O que te recarrega?

Talvez você possa fazer algumas anotações e deixar num lugar estratégico para acessar nestes dias doloridos, quem sabe você possa fazer uma playlist, salvar aquele filme que te diverte ou emociona, quem sabe você possa construir o seu próprio kit de autoacolhimento para que assim como naturalmente chegou, a dor também naturalmente vá embora.


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