Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394
Esta pergunta se traduz na reflexão do para que eu quero aquilo que quero, ou seja, qual a finalidade da satisfação do meu desejo. Sem uma análise acerca daquilo que desejamos corremos tanto o risco de vivermos na superficialidade de quem somos quanto o risco de vivermos em constante frustração e insatisfação, e o pior, sem identificarmos o porquê.
Se eu não sei se o que estou almejando é um emprego com o qual me identifico ou a possibilidade de me fazer ouvida, posso apostar minhas expectativas na profissão de juíza por exemplo, e me frustrar imensamente ao me deparar com todas as implicações que a profissão traz bem como com o fato de não conseguir ser ouvida dentro da minha própria família uma vez que lá eu não posso exercer a minha profissão.
Então geralmente me questiono se aquele casamento com o qual o paciente vem sonhando é realmente por aquilo que um casamento realmente traz consigo ou se é uma tentativa de se sentir mais seguro em uma relação permeada por ciúmes, infidelidade e insegurança, por exemplo.
O ganho secundário costuma ser uma aposta às cegas uma vez que ele é variável e não uma certeza. Veja bem, se você trabalhar como juíza você sabe que será ouvida durante as audiências, mas isto não te dá a garantia de que você será igualmente ouvida e respeitada pela sua mãe que não aprendeu a respeitar a sua voz. Construir um casamento te trará a certeza de que legalmente você e sua cônjuge possuem responsabilidades legais, mas isto não tem uma relação direta com o comprometimento e com a fidelidade que ela terá para com o relacionamento.
A capacidade de fazer escolhas com consciência é desenvolvida através do estabelecimento de uma relação muito íntima com quem se é, e por ser fruto do autoconhecimento esta capacidade nos aproxima da satisfação dos nossos verdadeiros anseios. Se eu identifico que desejo ser ouvida por minha mãe, posso fazer tentativas de expor a ela o meu sofrimento, e se não houver um resultado que me favoreça, poderei desistir de ganhar a atenção dela e colocar as minhas energias naquelas relações que realmente estão disponíveis para me ouvir.
Não é diferente do desejo de ser respeitada em uma relação conjugal, uma vez que esta necessidade se faz presente e é identificada como fundamental, não é necessário estabelecer um casamento, mas sim, construir uma comunicação transparente que revele as minhas prioridades e que dê ao outro o direito de escolher se pode ou não se comprometer na construção de uma relação saudável comigo.
Investir no processo de autoconhecimento nos revela escolhas que fizemos e o porquê de não terem satisfeito nossos anseios, e isto nos dá autonomia para buscarmos novos meios de obtermos o que verdadeiramente precisamos, desta vez sem autoengano.
A psicoterapia é o meio para construir esta relação alinhada consigo.
Procure profissionais que possam lhe ajudar neste processo.