Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal e Tanatólga
Gosto de perguntar ao paciente que me procura se é a primeira vez que ele faz psicoterapia e o que sabe sobre o processo terapêutico, é uma forma de compreender como ele lida com a sua saúde mental e se possui alguma crença errônea sobre o trabalho terapêutico. Algumas pessoas vem tímidas ao consultório, aparecem inseguras, desconfiadas… Mas ao longo da psicoterapia revelam frases como: “por que eu não iniciei antes?”, “Tô falando pra todo mundo vir fazer terapia”, “Há um tempo atrás eu faria totalmente diferente”, “Como não enxerguei isso antes?”, “Sou uma nova pessoa”…
A Declaração dos Direitos Humanos defende a ideia de que a saúde é um direito universal, contudo, algumas políticas governamentais não facilitam o acesso à ela, principalmente no âmbito da saúde mental. A exigência social em torno do poder e sucesso, imediatismo e baixa tolerância à frustrações contribuem para o desenvolvimento dos transtornos mentais e, sem um suporte psicológico e psiquiátrico, o agravamento de quadros psicopatológicos aumenta.
O ser humano não é uma receita de bolo única, nem um robô que tem a mesma programação. Somos únicos e por isso, complexos. É por isto que oferecer métodos universais de cura para o sofrimento psíquico é altamente perigoso. A psicoterapia então se faz necessária porque é através de uma ciência que estuda o comportamento humano (psicologia) que é possível respeitar e compreender a singularidade de cada indivíduo oferecendo o tratamento adequado de acordo com cada história de vida.
Cada ser humano que senta em frente ao psicólogo, está carregando consigo um passado repleto de dores e amores, o que ele fala não é necessariamente o que ele diz, as palavras nem sempre conseguem traduzir a dor ancorada naquele corpo, mas, o profissional da psicologia clínica possui capacitação para ouvir o que não é dito e oferecer uma intervenção importante para aquilo que ficou nas entrelinhas.
Na correria do dia a dia não paramos para refletir sobre as nossas ações, nem para prestar atenção no nosso corpo, muito menos nas nossas emoções. A alta demanda de trabalho, as cobranças sociais em torno de um “dar conta de tudo”, os preconceitos e julgamentos muitas vezes impossibilitam a espontaneidade das pessoas, gerando seres automáticos e engessados.
Mas, como conseguiremos colocar a vida em movimento se não dermos atenção para aquilo que nos orienta? Não é possível trabalhar com qualidade se nossas emoções estão conturbando nossa forma de pensar e agir. É por isso que se conhecer se faz necessário, o autoconhecimento proporciona tomada de consciência do próprio funcionamento. Costumo dizer que quando entramos em um processo terapêutico passamos a descobrir qual o é o mapa da nossa vida, vamos conhecendo cada caminho, identificando atalhos, percebendo os becos sem saída. E decidindo caminhar pelo roteiro que mais combina com os nossos objetivos.
A psicoterapia não oferece respostas prontas, nem soluções para problemas. Mas ela oferece recursos para ajudar cada paciente a descobrir e construir as suas próprias respostas, desenvolver resiliência e se reconciliar com a sua história.
Não espere sofrer para reconhecer a importância de cuidar do seu eu, o autoconhecimento pode iniciar mesmo que não exista uma dor dilacerante. Você não tem que dar uma chance para a psicoterapia, você precisa dar uma chance para a sua saúde emocional, para você.