Exemplos de sucesso na cadeia produtiva serão expostos no Interleite Sul 2018 no mês de maio
Após um período de amarga recessão do setor leiteiro no Brasil, os produtores rurais começam a respirar com alívio. O ano de 2018 iniciou com recuperação nos preços pagos pelo litro do leite e a expectativa para a região Sul do País é de um crescimento de 3% a 4% da produção. De acordo com dados do Conselho Paritário Produtor/Indústrias de Leite do Estado de Santa Catarina (Conseleite/SC), o leite entregue em fevereiro, para processamento industrial pago em março pelos laticínios, registrou aumento de 5,7%, correspondendo a seis centavos/litro nos valores de referência.
Os motivos dessa retomada serão explanados durante o Interleite Sul 2018, que ocorre nos dias 9 e 10 de maio, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó. Serão dois dias de evento com 20 palestras temáticas e a participação de 800 pessoas. A iniciativa é da AgriPoint.
O presidente do Conseleite/SC, Adelar Maximiliano Zimmer considera que finalmente a situação começa a melhorar para o produtor rural. O dirigente pondera que os agropecuaristas viveram onze meses de operação no vermelho e muitos ameaçaram abandonar a produção.
Para Zimmer, os preços manterão tendência de alta até julho, em setembro os ganhos serão preservados, mas, em outubro, iniciará o movimento de baixa. “Esse é o comportamento sazonal e tradicional do mercado, mas, pode ocorrer mudanças de rumo, como em 2017, quando o viés baixista se manteve em quase todo o período”, expôs o dirigente. “Acredito que estamos começando a superar uma fase na qual nem o produtor rural nem as indústrias estavam ganhando”.
O fundador da AgriPoint e organizador do Interleite Sul 2018, Marcelo Pereira de Carvalho, observa que períodos como o vivenciado em 2017 são pontuais. “Sempre digo que nunca devemos tomar uma decisão importante após um dia muito ruim, ou muito bom. A chance de se arrepender é grande – no primeiro caso por um pessimismo exagerado e, no outro, pelo sentimento oposto”, afirma.
Esse deve ser o pensamento dos produtores de leite ao enfrentar momentos de dificuldade. “Passamos por três anos de queda no consumo de leite e derivados, fruto da perda de renda. Para se ter uma ideia, o segmento de iogurtes, por exemplo, teve em 2017 volume de vendas menor do que tinha tido em 2009. Foi uma retração muito grande. Leite é produto de mercado interno, então se a renda cai, o consumo cai. Se tivermos uma recuperação econômica, isso se reverte. Dessa forma, é importante olhar o longo prazo, que sinaliza para um mercado interessante”, considera.
Carvalho pontua que é importante, no entanto, buscar conhecimento de forma contínua, já que existem muitas demandas diferentes hoje, como sustentabilidade, bem-estar animal, necessidade de capacitação de mão de obra, que, no passado, não eram tão relevantes. Avalia que também, é preciso buscar escala – é a escala que permite que se tenha sucessão rural.
Por fim, lembra que os dados de eficiência técnica e econômica, quando disponíveis, mostram uma grande diversidade entre produtores. Os preços médios de mercado refletem, no geral, a baixa eficiência técnica e econômica do setor produtivo. Em outras palavras, como as médias de produtividade são baixas, e como isso se reflete nos preços, quem for sistematicamente mais eficiente, tem mais chance de ter alta rentabilidade, ainda que também sofra em momentos de baixa.
“Recentemente, na Expodireto, vi apresentação de um produtor no Rio Grande do Sul que teve 36% de margem de lucro em 2017. Não é uma atividade fácil, mas os bons exemplos estão aí e aumentando em número. Sugiro que os produtores visitem estes exemplos, conversem com os técnicos e busquem assessoria qualificada. Sempre lembrando que teremos momentos de maior dificuldade”, complementa.