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Pressa para quê?

Jéssica Horácio de Souza

Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394

Psicoterapeuta corporal e tanatóloga

Vou iniciar esta conversa fazendo uma revelação limitada aqui, aliás, para quem não conhece, este termo é utilizado para informar que a psicóloga fará uma exposição de algum fragmento da vida dela que poderá ser terapêutico e condizente com o processo do paciente. Bem, o fato é que tenho observado que algo que eu amava fazer tem se tornado difícil ultimamente.

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Eu adorava cozinhar, porém, recentemente tenho me observado atrapalhada e com muita pressa no momento de preparar alguma comida. Identifiquei que a ansiedade tem boicotado o prazer que eu sentia ao ir para a cozinha. Os motivos já identifiquei e trabalharei internamente para lidar, mas o ponto que quero trazer não está necessariamente na origem, mas sim nas consequências da ansiedade no nosso dia a dia.

Concluir tarefas tem sido uma meta comum na nossa vida, não é? O processo muitas vezes não é tão valorizado quanto o fim. Enquanto escrevo este texto por exemplo, preciso fazer um exercício interno para curtir o meio e amenizar a ansiedade em publicá-lo. Essa não é uma tarefa fácil diante do amontoado de coisas que nós abraçamos para dar conta. Quanto mais tarefas pegamos, mais pressa teremos em concluí-las, mais ansiosas ficaremos, menos prazer teremos em executá-las, e às vezes até nos boicotaremos e não sairemos do lugar.

Isto faz sentido para você?

O peregrino quando trilha um caminho com pressa perde completamente a capacidade de contemplar a jornada, e será necessário perceber o breve gosto do fim da peregrinação para iniciar uma nova jornada, porém desta vez mais contemplativa e autoconsciente, ou, continuará caminhando obcecado pelo fim do trajeto.

Se lembrar do motivo que nos liga à coisa em si pode ser o ponto inicial de mudança. A ansiedade perde forças quando tomamos consciência da existência dela e assumimos uma nova postura frente a vida. Se eu me lembrar que aquilo que me liga à culinária é a possibilidade de criar o que eu quiser e que isto acaba sendo extremamente terapêutico pra mim, bem, posso encontrar internamente este desejo e calar a minha ansiedade.

E neste processo de encontro com o verdadeiro sentido de fazer aquilo que se escolheu fazer encontra-se a respiração. Respirar lenta e profundamente auxilia o processo de oxigenação cerebral, o que promove calma e foco no momento presente. Aliás, como anda o seu movimento respiratório? Quanto mais superficial (curtinha) for este processo, maior a tendência em se perder de si e acessar a ansiedade.

As músicas relaxantes, a meditação guiada e as práticas de mindfulness (todas encontradas na internet) podem ser auxiliares no desenvolvimento de uma respiração mais consciente, e consequentemente na execução de tarefas que merecem um olhar mais acolhedor e profundo sobre elas.

Bem, que você e eu lembremos do sentido das escolhas que fazemos e que neles encontremos contemplação, diversão e bem-estar. Que a ansiedade perca espaço naquilo que é terapêutico para nós.


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