Wagner Fonseca – Poeta, professor e blogueiro
A chuva cai, morosa, na sua deliciosa maneira de ser,
Fria e gelada em uma tarde igualmente caprichosa
Dorme-se até de olhos abertos quando teimam
Mas espreguiçam-se até para dormir acordados
Dorme-se, mesmo até sem querer e muito não se precisa
Porque a chuva cai, lá fora, morosa, e desliza com calma
Pela fria tarde gelada de um inverno que se acomoda
E reparte nossas horas em tremores e café quente
A chuva se demora e martiriza nossa vontade
E, na verdade, para debaixo de cobertores
É onde todos querem estar com pouco a pensar
O que importa é se aquecer e apenas deixar rolar
O frio contagia tanto quanto o calor, e dói, óbvio
Mas nos maravilha em expor nossas necessidades
De embrenharmo-nos em mantos, afagos e abraços
Dói é pensar quem longe do calor humano está
A chuva cai lá fora e cá dentro o coração se aquece
A vontade fenece e esquece-se dos feitos diários
O frio também é preguiça, benfazeja e querida
A chuva apenas elucida uma vontade inquieta
De aquietar-se e aquecer-se, sem demora
Ao ritmo dos pingos, quase hiberna-se
Eis o encanto da estação mais fria do ano
Amar o calorzinho que nos faz falta.