Além do prefeito, outros três servidores da Adminisração Municipal também foram afastados e um empresário foi preso preventivamente.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Combate à Corrupção – DECOR/DEIC, deflagrou no início da manhã desta terça-feira, 10, a terceira fase da Operação Maktub, a fim de apurar possíveis irregularidades/ilicitudes ocorridas em Forquilhinha. Na ação, foram afastados dos cargos o prefeito de Forquilhinha, José Cláudio Gonçalves, o Neguinho, bem como outros três servidores. Um empresário foi preso preventivamente; os policiais cumpriram vinte e um mandados de busca e apreensão e também foi expedida uma ordem judicial para o sequestro de bens e valores no montante de R$ 1,7 milhão, visando reparar os danos causados ao Município de Forquilhinha.
Conforme a Polícia Civil, as investigações apuraram indícios de fraude à licitação na Concorrência Pública destinada à construção do ginásio anexo à Escola do Bairro Santa Líbera, bem como à licitação nas três Concorrências Públicas destinadas à cobertura do ginásio e na Carta Convite destinada à contratação de uma empresa para a execução de aterro do mesmo ginásio.
O pronunciamento da Polícia Civil divulgado na manhã desta terça-feira dia, ainda:
“Além disso, o Termo Aditivo n.º 02 do Contrato resultou em um prejuízo de R$ 800.000,00 para o município. A obra de cercamento do ginásio de esportes gerou diversos custos adicionais, que, teoricamente, foram cobertos pela emissão da Carta Convite realizada para a execução de um aterro no local da obra. Os valores gastos identificados pela investigação foram consideravelmente inferiores, uma vez que o maquinário da Prefeitura Municipal foi utilizado, mesmo sendo licitado.
Constatou-se, também, que no terceiro aditivo do Contrato, formalizado em 05/07/2022, houve uma mudança no projeto, com diversas alterações que geraram aditivos e glosas. Essas mudanças resultaram em um acréscimo de 14,78% em aditivos no contrato. Assim, a empresa responsável pela construção do ginásio recebeu aproximadamente meio milhão devido à alteração do projeto.
Identificou-se, ainda, que a administração municipal fraudou documentos para pagar parte de uma obra destinada à construção de um memorial. Não há certeza quanto aos valores despendidos para a realização da obra, que, em tese, foram superiores a R$ 200.000,00. No entanto, sabe-se que a Prefeitura Municipal pagou mais de R$ 80.000,00 à empresa responsável pela construção do memorial por meio do terceiro aditivo da construção do ginásio.
Por fim, os indícios apurados mostram que as licitações estavam direcionadas à empresa vencedora do certame.
Os trabalhos policiais revelaram indícios de fraude nos certames, incluindo o fato de que o projeto estrutural não foi elaborado pela empresa contratada originalmente pela prefeitura; o proprietário da empresa vencedora do certame havia adquirido o material para a cobertura do ginásio antes da abertura da licitação; o projeto estrutural e a planilha orçamentária foram produzidos pelo empresário vencedor do certame; e a elaboração dos editais continha cláusulas restritivas que garantiam a vitória da empresa. Essas irregularidades resultaram na suspensão de duas licitações pelo Tribunal de Contas do Estado, devido à limitação da competição.
Apurou-se, ainda, que agentes políticos tiveram participação direta nas fraudes perpetradas.
As investigações também revelaram irregularidades na execução dos contratos decorrentes de duas Tomadas de Preços, celebradas entre o Município de Forquilhinha e uma empresa da cidade, criada em 2021 para prestar serviços de jardinagem. A empresa estaria registrada em nome de terceiros, conhecidos como ‘laranjas’, com o objetivo de ocultar seu verdadeiro proprietário, que possui ligações com a administração municipal.
Em suma, apurou-se práticas questionáveis, como a manipulação de datas e pressões indevidas para a aprovação de notas fiscais e boletins de medição, mesmo sem a conclusão dos serviços, além de irregularidades nos processos de fiscalização e execução de obras. Além disso, destacam-se os vínculos pessoais entre sócios da empresa investigada e figuras proeminentes da prefeitura, inclusive, a utilização de valores recebidos pela empresa nas eleições para presidente da COOPERA – Cooperativa Pioneira de Eletrificação.”
Os trabalhos contaram com o apoio da CECOR, da 1ª,2ª,3ª, 4ª e 5ª DECOR, das Delegacias da DEIC, das DICs de Criciúma e Caçador e da Delegacia de Polícia de Frederico Westphalen/RS.
O prefeito de Forquilhinha ainda não havia se manifestado até a publicação desta reportagem.