O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa) emitiu o Boletim Agropecuário de novembro, que traz uma boa notícia para a cultura da mandioca, cujos preços vêm apresentando reação expressiva desde 2016. Já as cotações para a banana vêm se desvalorizando nos últimos 12 meses. As condições climáticas devem influenciar negativamente a safra do feijão e positivamente a do arroz. Enquanto isso, a área plantada com milho grão vem caindo em benefício da soja.
Mandioca
Os preços da mandioca no mercado nacional vêm se valorizando desde junho de 2016. Naquela data, o preço médio pago ao produtor foi de R$ 313,00 por tonelada. Já em 2017, o preço médio pago ao produtor é de R$ 443,15 por tonelada até o momento. Muitos dos produtores que ainda possuem mandioca disponível para comercialização têm priorizado o plantio, devido às recentes chuvas, mantendo baixa a oferta de raízes no mercado. Nesse cenário, a disputa da indústria pela matéria-prima continuou elevada, sustentando os valores aos produtores.
Banana
As cotações da banana-caturra e banana-prata desvalorizaram 65,3% e 55,0%, respectivamente, em relação ao preço de 2016. A queda na demanda é a principal causadora desta baixa de preços. A expectativa é de recuperação nos preços apenas no final de novembro, com retomada sazonal da demanda antes do final de ano. O volume da fruta nos bananais catarinenses continua alto, o que mantém as cotações, em muitos casos, abaixo do custo médio de produção.
Feijão
Com 53% da área semeada até o início de novembro, o feijão deve ser prejudicado pelas baixas temperaturas noturnas verificadas nas últimas semanas e pela alta nebulosidade diurna em algumas regiões do Estado, o que diminui o número de horas de luz disponível para as plantas. O resultado é a redução no desenvolvimento das lavouras.
Os preços despencaram nos últimos 12 meses. A saca de 60kg do carioca, por exemplo, estava 54% mais barata em outubro de 2017 quando comparada ao valor praticado no mesmo mês do ano anterior. A situação se repete com o feijão preto, que enfrentou uma redução de 42,6% no preço pago pela saca de 60kg entre outubro de 2016 e de 2017.
Arroz
O plantio do arroz está concluído nas regiões do Litoral Norte, Alto Vale e de Araranguá, restando áreas a serem semeadas nas regiões de Tubarão e Criciúma, mas tudo dentro da normalidade para a época do ano. O clima deve ajudar até janeiro de 2018, com previsão de chuva dentro ou um pouco acima da normalidade nos próximos meses. O mercado permanece calmo, sem grandes oscilações nos preços pagos ao produtor.
Milho grão e soja
Os preços baixos pagos ao produtor e a elevação do custo de produção vêm causando redução na área plantada do milho grão, cujo espaço está sendo priorizado para cultivo de soja, que tem preços mais estáveis, e de milho silagem.
A soja vem crescendo em todo o país, impulsionada pela maior liquidez e a possibilidade de melhor rentabilidade em relação a outras culturas. A expectativa é que o grão alcance entre 34,6 e 35,3 milhões de hectares plantados no Brasil na safra 2017/18.
Cebola
A detecção recente de um novo vírus nas lavouras catarinenses (Iris yellow spot vírus) passa a ser uma nova preocupação para os produtores de cebola do Estado, já que pode resultar em elevação dos custos de produção.
A comercialização da cebola catarinense está em ritmo lento, já que ela chega ao mercado quando ainda há oferta da hortaliça do final das safras mineira e goiana. Esta questão deve ser superada até o final do mês de novembro e início de dezembro. Santa Catarina mantém-se como o maior produtor nacional, com área plantada superior a 21 mil hectares.
Alho
Como já informado no boletim de outubro, a área plantada com alho em Santa Catarina cresceu 20% em relação à safra passada. Apesar dos esforços dos produtores e das condições de infraestrutura, como irrigação, presente na maioria das unidades de produção, os efeitos da estiagem são perceptíveis no total produzido.
Pecuária
Os preços praticados para carne suína e de gado ainda sofrem impacto da Operação Carne Fraca. Embora tenham se mantido estáveis nos últimos meses, os valores pagos ao produtor caíram desde o início do ano.
Na suinocultura, o preço médio estadual de novembro é 8,09% menor que o praticado em meados de março. Na bovinocultura, os preços pagos ao produtor apresentam-se relativamente estáveis, embora ainda se perceba leve tendência de queda, o que vem ocorrendo desde abril, após a deflagração da Operação Carne Fraca. Os preços do frango vivo ao produtor mantiveram-se estáveis durante quase todo o mês de outubro, depois de leves altas verificadas em setembro nas duas praças de referência do Estado: Chapecó e Sul catarinense. Os custos de produção das aves apresentaram alta pelo segundo mês consecutivo, dessa vez de 2,74%
Nas exportações, a carne de frango teve queda em outubro em relação a setembro: -6,72% em quantidade e -2,33% em valor. Contudo, na comparação com outubro do ano passado, verifica-se aumento de 2,05% na quantidade exportada e de 14,12% nas receitas. O somatório das exportações catarinenses de carne de frango em 2017 é de 825,48 mil toneladas, queda de 1,18% em relação a 2016. Em termos de receitas, o resultado é positivo: US$1,54 bilhão, aumento de 8,18% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A Epagri/Cepa também constatou queda de 9,5% na exportação catarinense de carne suína em outubro, quando comparada com setembro, e de 5,33% na comparação com outubro de 2016. Apesar disso, no acumulado do ano, as exportações catarinenses registram números positivos: 233,86 mil toneladas, um aumento de 2,96% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesse mesmo período, as receitas atingiram o montante de US$ 546,50 milhões, crescimento de 22,51% em relação a 2016.
As exportações brasileiras de carne bovina vêm registrando altas no segundo semestre deste ano. No acumulado do ano, já foram exportadas 1,20 milhão de toneladas, 5,20% mais do que no mesmo período de 2016. Em termos de receitas, o acumulado do ano atingiu US$4,92 bilhões (+9,68%).
Leite
Segundo a análise da Epagri/Cepa, 2017 se caracterizará mais por recuperação do que por crescimento da produção nacional de leite. Contudo, a oferta maior que a demanda ainda traz dificuldade para a cadeia produtiva, mas há expectativa de que tanto os preços no atacado como aos produtores alcancem patamares mais elevados em breve.
Trigo
A safra, que já está com 30% da área plantada no Estado, não deve ser a melhor em termos de qualidade dos grãos e de rendimento médio. A colheita segue em ritmo acelerado, já que os produtores buscam liberar as áreas para as culturas de verão, como milho, feijão e, principalmente, a soja. O preço permaneceu estável em outubro na comparação com o mês de setembro para os principais estados produtores. Em Santa Catarina, pequena baixa de 1,89%.