Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
Quem é que não gosta de comer uma comida gostosa, ouvir uma boa música, rir com os amigos, namorar, assistir filmes e séries…? Todas as atividades que são orientadas pelo prazer são facilmente desenvolvidas por qualquer pessoa, principalmente se essas atividades exigem pouco esforço para a sua execução: assistir a um filme, dormir, ouvir música… Isso porque o nosso corpo gasta menos energia executando estas atividades, o que contribui para diminuição do desgaste físico e emocional.
O problema é quando o contato com o prazer se torna exagerado, é como um remédio que tem o objetivo de curar ou amenizar a dor, mas que quando usado em grandes proporções se torna um veneno capaz de trazer sérios danos para o indivíduo.
Algumas pessoas relatam em terapia que não possuem “freio” para os prazeres, não conseguem controlar as suas emoções e buscam constantemente obter alguma satisfação mesmo sabendo que poderão sofrer prejuízos significativos devido a isso. É o caso de pessoas que compram indiscriminadamente apesar das dívidas que já possuem, que comem de forma descontrolada apesar de saberem que isso acarretará em culpa e posteriormente, insatisfação, pessoas que traem embora temam as consequências da descoberta pelo (a) seu (sua) parceiro (a). Associado a estes comportamentos está a dificuldade de lidar com qualquer tipo de frustração mesmo que ela prive somente alguns poucos minutos de prazer e mesmo que insistir em um prazer traga mais prejuízos do que lidar com a frustração momentânea. A fuga é um mecanismo comum diante do contato com a frustração, e vem geralmente associada a raiva descomedida por ser privado de alguma satisfação.
Os excessos denotam dificuldade de encontrar sentido na vida além das satisfações proporcionadas por fatores externos. Logo, o indivíduo passa a desenvolver uma compulsão por prazer na tentativa de não entrar em contato com a sensação de vazio, tristeza e falta de sentido com relação a própria vida. Todos estes comportamentos escondem traços depressivos, e podem não ser identificados pelo indivíduo, suas queixas estão mais baseadas na dificuldade de insistir em algumas atividades e perda de interesse em atividades que antes ofereciam satisfação. Ás vezes as queixas surgem através de irritabilidade com algo ou com alguém que limita seu prazer, e sobretudo, com a falta de controle sobre algo ou alguém.
Dois passos são fundamentais para lidar com esta situação: é necessário aprender a “apertar o freio dos prazeres”, e sanar as insatisfações que constituem o gatilho básico para a busca constante por prazeres.
Um modo de apertar o freio dos prazeres é intercalando os mesmos com alguma responsabilidade. É necessário treino e dedicação, e a motivação para esta dedicação pode partir através da identificação dos prejuízos que se tem ao seguir a vida baseado na procura por satisfações o tempo todo. Então, quando o indivíduo perceber que por trás de cada prazer há um prejuízo, poderá construir mentalmente um novo modelo para viver a curto, médio e longo prazos. Através das metas que devem começar brandas, o indivíduo poderá avançar não de forma a substituir aquilo que o satisfaz por aquilo que não o satisfaz, mas sim buscando enfrentar as insatisfações até que o prazer se torne uma recompensa por ter cumprido algumas responsabilidades.
Para lidar com as insatisfações é necessário identificar que mensagem que elas passam, às vezes, crenças disfuncionais é que alimentam a fuga daquilo que julga-se não ser prazeroso e ao enfrentar as insatisfações ou responsabilidades, se observa que elas nem exigem tanto esforço assim, e que podem ser conciliadas com prazeres.
A busca por um profissional da psicologia é importante para desenvolvimento do autoconhecimento, identificação de crenças negativas, elaboração de sofrimento e construção de novas formas de enxergar a vida. Pense nisso, o seu maior prazer deverá ser a construção da sua própria paz.