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Política: vamos mudar?

vagner fonseca v2

A questão levantada pelo locutor no rádio foi direta e complexa: após esse imbróglio político pelo qual passa o país com uma verdadeira varredura anticorrupção, irá mudar a concepção do eleitor brasileiro sobre política? Enquanto dirigia eu refleti rapidamente e conclui negativamente ante o exposto. Nenhum suspiro mais.

A complexidade da questão política ataca profundamente o nosso “brazilian way of life” expresso diariamente no cotejo de nossas atitudes com o meio ambiente, com nossos familiares, nas vias públicas ou no trabalho. “Dar um jeito” em tudo é algo que pode nos enojar, embora o façamos constantemente sem sequer perceber. Como esperar que um país mude se os indivíduos que o compõem não querem mudar? Aliás, a palavra mudança soa como um atentado para ouvidos mais conservadores, porque não basta mudar os donos do poder (ou os que se auto intitulam donos de todas as verdades). Ante a complexidade da tessitura social que nos envolve é imprescindível abalar as estruturas que mantem as formas como o poder é estabelecido e dita os rumos de nossas sociedade. Não basta trocarmos as peças do tabuleiro se as regras não dizem respeito a todos os jogadores (ou são aplicadas de forma diferenciada).

O eleitor, o cidadão, deve mudar, transformar-se em algo melhor do que temos visto. Nosso país é riquíssimo e isso se nota pelo tanto que nos é surrupiado diariamente. Prender, punir os responsáveis por tamanha maldade não é o suficiente: os danos causados não podem ser reparados, todavia os valores possam e devam ser ressarcidos!

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O cidadão comum ou, melhor dizendo, os sujeitos que formam a sociedade, precisa rever seus conceitos e conteúdos se quisermos um futuro melhor. O futuro, contudo, não é um lugar para se viver sozinho: é um amplo horizonte de possibilidades que todos compartilharemos. Nesse sentido, não bastam apenas mudanças individuais e sim mudanças estruturais e coletivas que não sejam impostas à força de cima para baixo ou de baixo para cima.

O voto é apenas uma instância dentro de nossas responsabilidades e trocá-lo por “facilidades” é um dos piores crimes que qualquer pessoa possa cometer. Para além do nosso analfabetismo político urge superarmos os muros egocêntricos que nos separam. Nossos atos individuais não são apenas nossos, assim como nossas ideias. Pela política temos o poder de derrubar esses muros e não devemos fazer do voto apenas uma porta que abrimos de vez em quando.


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