A proposta do MPSC é combater a violência diretamente na causa, promovendo debate e reflexão sobre os estereótipos atribuídos a homens e mulheres.
Apesar das taxas de escolaridade mais altas, as mulheres ainda ocupam menos de 38% dos cargos gerenciais nas empresas e têm uma média salarial quase 30% menor que a dos homens. Já no âmbito doméstico, elas trabalham quase oito horas a mais que eles por semana. Os dados, divulgados em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são exemplos de como os estereótipos são capazes de se transformar em desigualdades sociais. Com a finalidade de conscientizar a população e promover uma mudança nesse cenário, o Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (GEVIM) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) lança a campanha institucional “PODE SIM!”.
De cunho pedagógico e voltada ao público jovem, a campanha pretende provocar reflexão e debate sobre as desigualdades entre homens e mulheres, chamando atenção para a necessidade de quebra de estereótipos e de preconceitos. Os estereótipos podem ser entendidos como as expectativas que se criam a respeito das pessoas e comportamentos que são esperados com base em padrões pré-estabelecidos socialmente. Apoiadas em dados e estatísticas, as peças da campanha demonstram que essas convenções não refletem a realidade – a mulher pode sim se vestir como quiser e o homem pode sim demonstrar suas emoções, por exemplo.
A campanha também visa combater a violência de gênero, visto que a desigualdade é uma das principais origens destas ações. “Diferentemente de outras campanhas institucionais focadas na denúncia e responsabilização dos agressores, esta campanha visa substituir o olhar repressor pelo olhar pedagógico. Se a violência contra a mulher é produto das relações assimétricas de poder entre homens e mulheres, o mote da campanha é justamente questionar e problematizar os papéis sociais que historicamente a sociedade espera que sejam desempenhados”, explica a coordenadora do GEVIM, Procuradora de Justiça Cristiane Rosália Maestri Böell, em nome do Grupo.
Nesse sentido, as peças buscam incentivar o respeito ao próximo e auxiliar na quebra do ciclo da violência ao modificar os padrões socioculturais que reforçam a inferioridade ou superioridade de homens ou de mulheres. Vale relembrar que, apesar de elas serem a maioria das vítimas, a expressão “violência de gênero” não é sinônimo de violência contra as mulheres, abarcando também homens que sofrem violências por não se encaixarem nos papéis socialmente impostos.
“Precisamos avançar para que homens e mulheres sejam livres para desenvolver suas capacidades pessoais e fazer escolhas, para construir sua subjetividade e, principalmente, para que sejam livres de discriminação e de violência”, afirmou a coordenadora do GEVIM. O Grupo, que faz parte do Centro de Apoio Operacional Criminal e da Segurança Pública (CCR) do MPSC, foi o responsável pela organização da campanha.