Justiça concedeu solicitação da defesa em audiência realizada ontem, no Fórum.

A juíza da Vara Única da Comarca de Forquilhinha, Luciana Lampert Malgarin, concedeu a suspensão condicional do processo ao pai da dentista que confessou ter assassinado o namorado, Valcionir da Rosa, em dezembro de 2015. Ele havia sido acusado de ocultação de cadáver, de acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, por ter auxiliado a filha a esconder o corpo da vítima, logo depois do homicídio.

De acordo com o advogado de defesa, Alessandro Damiani, como trata-se de um crime de menor potencial ofensivo, com pena mínima abaixo ou igual a um ano, é possível que seja concedida essa suspensão condicional. “O processo segue a partir de agora, apenas em relação à dentista. Enquanto isso, o pai dela passará por um período de prova, de dois anos. Se cumprir todas as condições impostas na audiência de hoje, depois desse período continuará como réu primário”, explica.

Ainda conforme o advogado, as condições impostas pelo Juízo foram: pagar três salários mínimos para o Fundo da Infância e Adolescência e, por dois anos, comparecer mensalmente ao Fórum para informar suas atividades. Além disso, ele fica proibido de frequentar bares e boates, e de mudar de endereço ou se ausentar da comarca por mais de sete dias sem comunicar o Juízo.

Dentista continua como ré

Ainda que o pai tenha conseguido a suspensão condicional, a dentista continua como ré na ação penal, uma vez que foi acusada pelo Ministério Público pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil e ocultação de cadáver. O assassinato ocorreu no dia 7 de dezembro de 2015, mas os restos mortais da vítima foram descobertos apenas em abril do ano passado, depois que a dentista confessou e levou a Polícia Civil de Forquilhinha ao local onde o corpo havia sido enterrado, em uma jazida de areia entre os municípios de Balneário Arroio do Silva e Araranguá.

A denúncia afirma que a dentista manteve um relacionamento extraconjugal com a vítima por seis anos quando, em março de 2015, divorciou-se de seu então marido e assumiu o namoro com Valcionir. Ressalta ainda que essa relação era conturbada, principalmente em razão dos ciúmes que ele mantinha do ex-marido. “Tanto é que, no dia que antecedeu os fatos, a vítima e a denunciada tiveram uma discussão em virtude de mensagens recebidas por ela de seu ex-marido, fato que acabou, inclusive, fomentando uma discussão entre Valcionir e o ex-marido, permeada de agressões e ameaças mútuas”, completa o documento.

Assim, conforme a promotora, após o episódio em questão, “a denunciada, com o desejo de pôr fim àquele relacionamento e de vingar-se do seu namorado, arquitetou um plano de morte para dar cabo à vida de Valcionir da Rosa, escondendo o seu corpo em local de difícil acesso para que todos, sobretudo para que a família da vítima, acreditasse que ele tivesse viajado para o Estado de Mato Grosso”.

Já o advogado da dentista sustenta a tese de legítima defesa, alegando que ela vinha sendo agredida pela vítima e utilizou a faca durante uma briga, para se defender de tais agressões. Ela segue respondendo às acusações em liberdade, mas por conta do teor das acusações, o julgamento pode ir à júri popular.

Francine Ferreira