Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
As exigências sociais, cada vez mais orientadas pela exposição da própria felicidade através das redes sociais possuem um implicante muito importante a ser analisado: a sensação de obrigatoriedade em se encaixar em padrões estabelecidos culturalmente.
E, diante das tentativas em se encaixar naquilo que é considerado bom para um determinado público, ás vezes acabamos relembrando dores há muito esquecidas, ou ainda, desenvolvendo consequências difíceis de serem administradas devido a crença que temos a nosso respeito diante da dificuldade em ser como as “pessoas felizes” são.
Ter vários amigos, frequentar diversos eventos, estar envolvido em alguns projetos sociais e profissionais, buscar constantemente novas paixões, novas ocupações, são comportamentos que implicam em movimento e este, muitas vezes é associado a felicidade. Contudo, em alguns momentos o movimento e a busca incessante por felicidade podem representar fugas de dores emocionais, e ou, pode indicar insegurança pessoal, afinal, quando seguimos os modelos de felicidade de alguém, confirmamos a dificuldade que temos em construirmos os nossos próprios modelos.
Estas exigências embora se dêem de forma velada, ou seja, nem sempre vem através de pedidos alheios, mas sim através das próprias comparações que fazemos com relação ao que o outro expõe, precisam ser observadas não como regras para conquistar a tão almejada felicidade, mas sim, como possibilidades, estratégias, alternativas para se sentir feliz.
Diante do término de um relacionamento conjugal por exemplo, algumas pessoas partem na busca de novas ocupações, formas de preencher a dor da frustração originária da perda do seu objeto de amor. Assim, tentam curar suas dores preenchendo todos os espaços vazios dentro de si, contudo, ainda assim não se sentem feliz porque a ocupação não é o alimento certo para preencher aquela dor mais profunda: a da perda. E dessa forma se sentem ainda mais distantes da felicidade, afinal, lidam tanto com a frustração originária da perda quanto com os sentimentos vinculados a impotência e ou incapacidade diante das tentativas de serem felizes.
Desta forma aprendem a substituir prazeres ao invés de curar dores, e, alimentam continuamente a própria insatisfação pessoal, retardando o processo de luto que é tão importante diante de perdas afetivas.
Se, diante das tentativas de se encaixar naquilo que representa ser feliz para o outro você se sentir frustrado, triste, irritado, preste atenção naquilo que você tem feito consigo. Todos nós possuímos capacidade de autoregulação, logo, todas as respostas necessárias para abrandar o sofrimento estão conosco, o que dificulta o acesso à elas é a tendência em buscarmos externamente, através de modelos estabelecidos, o caminho para a felicidade.
Cada indivíduo tem seu conceito de felicidade, contudo, algumas pessoas desconhecem o seu, por isso também que tentam viver aquilo que para o outro faz sentido. Esta tentativa é válida porque demonstra a busca por satisfação e logo, a necessidade de dar novos sentidos para a vida, contudo, se ao insistir nestes modelos você se perceber frustrado e insatisfeito, reconheça a importância de retornar para si e buscar internamente as respostas para as suas próprias perguntas.
Ás vezes você só precisa parar, descansar, e estar consigo. Ás vezes o vazio emocional não é devido a falta de companhia, mas sim da falta de respeito e de amor consigo.