Psicóloga – CRP 12/14394 – Psicoterapeuta Corporal
É fácil amar alguém quando tudo contribui à favor, quando àquela pessoa está feliz, motivada e nos proporcionando alguns ganhos. Já, ao lidarmos com as adversidades do outro percebemos a responsabilidade que está implícita no ato de amar, e que comumente envolve abnegação e esforço.
Encontramos a mesma dificuldade conosco: quando estamos envolvidos em atividades prazerosas percebemos o quanto é gratificante fazer parte daquele momento, alguns agradecem a Entidade oriunda da sua religião, outros, à natureza, às pessoas envolvidas, à si por ter escolhido apesar de todas as dificuldades enfrentadas, estar ali desfrutando daquela alegria.
Contudo, ao nos depararmos com situações dolorosas, difíceis de serem enfrentadas, esquecemos de nos amar, de cuidar das nossas dores, de respeitar os nossos limites físicos e psíquicos. E é assim que geralmente nos colocamos em situações de risco e negligenciamos a nossa própria vida.
O amor próprio precisa ser um exercício diário e constante afim de que jamais esqueçamos de identificar nossos limites e de respeitarmos as nossas condições. A dificuldade em aceitar términos conjugais por exemplo, pode indicar ausência de amor próprio. A busca pela aceitação do outro apesar dos inúmeros “nãos” recebidos evidenciam a dor de olhar para si em primeiro lugar e a tendência em querer amar alguém acima do próprio sofrimento independente do dano que isso cause para si.
O sofrimento diante de términos de relacionamentos é comum, principalmente para aqueles que realmente estavam envolvidos para com a relação. Geralmente associada a frustração de ter um plano interrompido surgem sentimentos antigos relacionados ao abandono, rejeição, inferioridade, culpa e menos valia. Com ou sem a presença de um agente reforçador destas crenças internas, o indivíduo percebe a dificuldade de se amar e se aceitar do jeito que é, isso porque espera-se que o outro volte para a relação e faça isso.
Este é um grande erro ao se tratar de términos de relacionamentos, pois, é este o momento que o indivíduo mais precisa de si, que ele mais precisa se cuidar, se amar e se respeitar. Por isso, ao se deparar com situações difíceis de serem assimiladas em um primeiro momento, é fundamental que o indivíduo evite escolhas que o distanciem de quem ele é: racionalização, vitimização, autocrítica, punição. E que se aproxime daquilo que possa lhe oferecer um conforto realmente saudável: companhias acolhedoras, hobbies, espiritualidade…
Por isso, lembre-se que o momento que você mais precisa se amar é aquele em que mais encontra-se fragilizado e com medo do desconhecido. E que é justamente por isso que você deve voltar o olhar para si e se dar todo aquele amor que tanto quer oferecer ao outro.