A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional Santa Catarina (SBCP-SC) realiza o Mutirão de Reconstrução Mamária. As cirurgias no Estado acontecem deste sábado, 22, até o dia 29 de outubro, em Florianópolis, Criciúma e Blumenau. O Mutirão é uma iniciativa da SBCP nacional e será realizado em todo o país.
O coordenador do Mutirão em SC, o médico cirurgião plástico Evandro Parente (CRM/SC 8130 | RQE 2674), explica que as mulheres que terão a mama reconstruída são aquelas que já realizaram a mastectomia para tratar o câncer de mama, porém não conseguiram fazer a reconstrução mamária e aguardam nas filas de espera dos hospitais públicos pela cirurgia.
“O câncer de mama é o principal tipo de câncer que atinge as mulheres e a demanda por cirurgia é muito alta”, lembra o cirurgião. De acordo com ele, a reconstrução, apesar de constar como parte do tratamento integral do câncer de mama na rede pública, nem sempre é realizada em função da urgência maior ser a retirada do tumor. “A reconstrução normalmente fica para depois, mas se a paciente não consegue fazer a cirurgia junto com a mastectomia, dificilmente a fará em outro momento”, analisa.
É nesses casos em que o Mutirão vai atuar, os de mulheres que fizeram a mastectomia, até colocaram a prótese de silicone, mas não concluíram a reconstrução. Ou seja, ainda precisam ter a simetria da outra mama corrigida e o mamilo e a aréola reconstruídos.
Como vai funcionar o Mutirão
Aproximadamente 50 mulheres deverão ser operadas no Mutirão, em Santa Catarina. Todas são pacientes que constavam na lista de espera para a cirurgia dos hospitais de referência no Estado para o tratamento do câncer de mama.
As cirurgias serão feitas por cirurgiões plásticos inscritos na SBCP-SC e vão ser realizadas, em Florianópolis, em três hospitais da rede privada (Casa de Saúde, Hospital da Plástica e Hospital de Caridade), no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC) e no Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), sem custo para as pacientes.
Todas as equipes médicas atuarão de forma voluntária, as próteses de silicone serão doadas e as despesas hospitalares serão cobertas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no caso dos hospitais públicos, ou por patrocínio, no caso dos particulares.
Um Evento Científico está programado para o dia 21 de outubro, das 19h às 22h, no Hospital da Plástica, e deve reunir todos os profissionais envolvidos no Mutirão de Reconstrução Mamária para discutir as técnicas da cirurgia plástica e os casos clínicos que serão operados.
Sobre a cirurgia
A cirurgia de reconstrução mamária “é uma cirurgia elaborada, que exige formação específica do cirurgião plástico e requer treinamento especial”, na definição do coordenador do Mutirão em SC, o cirurgião plástico Evandro Parente.
Ele explica que o processo de reconstrução da mama exige mais de uma cirurgia para ser completo. “Normalmente, é feita em duas ou três etapas, para colocação da prótese de silicone e reconstrução da aréola e do mamilo”, acrescenta.
Somente a mama afetada pelo câncer ou qualquer outro trauma pode ser restaurada. Para melhorar a simetria entre ambas, para a mama oposta podem ser recomendados procedimentos como redução, pexia ou mamoplastia de aumento.
Às vezes, a mastectomia ou o tratamento com radiação podem deixar tecido insuficiente na parede torácica para cobrir e sustentar o implante mamário, tornando quase sempre necessário o uso de uma ou demais técnicas de retalho ou expansão de tecido.
Embora as próteses de silicone estejam mais modernas e algumas sejam específicas para uso na reconstrução mamária, a mama reconstruída nunca será igual a que foi removida, nem terá a mesma sensibilidade, apesar do resultado ser o mais próximo possível do natural.
“A mama é parte fundamental da identidade feminina e algumas mulheres, sem a mama, tendem a se sentir incompletas, mesmo estando curadas do câncer, por isso é fundamental a existência de iniciativas como o Mutirão”, conclui o cirurgião plástico Evandro Parente.