Ação ocorreu no início da noite desta quinta-feira, 21.

A Mina Verdinho, em Forquilhinha, foi interditada no início da noite desta quinta-feira, 21, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em uma ação conjunta com os Ministérios Públicos do Trabalho e Federal; e Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

O local, que foi abandonado pela Carbonífera Criciúma no fim de 2015, vinha sendo mantido por um grupo de pouco mais de 40 mineiros independentes, que atuavam para não deixar as galerias inundarem.

De acordo com o procurador do Trabalho, Luciano Leivas, a interdição foi aprovada porque a estrutura que sustenta a mina corre grande risco de sofrer um colapso, uma vez que não se têm realizado trabalhos de segurança atualmente. “Os mineiros estão trabalhando sem supervisão técnica, por isso a interdição. Nossa intenção é preservar a vida destes trabalhadores”, garante.

A partir de agora, qualquer mineiro que descer a mina vai descumprir a ordem de interdição. “Foi uma ação articulada com o Ministério Público Federal, também para verificar o impacto ambiental a ser contornado. Sabemos que essa questão será agravada, mas entre a vida humana que corria risco e o meio ambiente, chegamos à conclusão que não poderíamos deixar que essa situação continuasse”, argumenta Leivas.

Dívidas trabalhistas

A respeito das dívidas trabalhistas da Carbonífera Criciúma com, aproximadamente, 600 trabalhadores, o procurador do Trabalho ressalta que o tema não será esquecido.

“Tivemos, inclusive, uma reunião com o Siesesc, sobre a possível criação de um fundo de garantia para o pagamento dessa dívida, e também para os funcionários da Cooperminas. Mas por enquanto, não há uma perspectiva de curto prazo para resolver esses pagamentos, uma vez que o patrimônio dos proprietários da Carbonífera Criciúma, por exemplo, não conseguimos mais encontrar, porque provavelmente foi desviado em uma tentativa de se esquivarem das dívidas”, finaliza Leivas.

Passivo ambiental

Para Ministério Público Federal, existe um passivo ambiental considerável e os futuros danos ao meio ambiente ainda são imprevisíveis. “Não temos como saber como será essa poluição e o que acontecerá depois da inundação total e descontrolada das galerias da mina, que percorrem em torno de 10 km no subsolo. Se, em alguns pontos, a água ácida chegar a verter para cima, poderá afetar, inclusive, agricultores”, explica o procurador da República, Anderson Lodetti.

O MPF ainda deve entrar, nesta sexta-feira, 22, com um pedido na Justiça, solicitando que se obrigue os proprietários da Carbonífera Criciúma a contratarem profissionais qualificados que possam fazer um estudo antes da inundação completa, para evitar que os danos imprevisíveis ocorram.

E os trabalhadores?

Por fim, o Sindicato dos Mineiros de Forquilhinha era contra o trabalho independente do grupo de mineiros na mina, sem nenhuma supervisão e segurança. “Trabalhar embaixo de uma mina já é uma profissão de risco, ainda mais sem supervisão. O que queremos é o dinheiro que é nosso por direito, que os proprietários paguem as dívidas trabalhistas, para que não precisemos mais nos arriscar assim”, enfatiza o presidente, Fernando Nunes.

Em relação à ideia de alguns mineiros, de criar uma cooperativa, Nunes também conta que o sindicato tem um posicionamento contrário. “Porque já acabou o carvão. Somos contras porque iríamos assumir o que? As dívidas trabalhistas e ambientais. Nós não temos nem dinheiro para comprar comida, quem dirá para montar uma cooperativa. Não é responsabilidade nossa. Queremos é nossos direitos trabalhistas respeitados”, finaliza o presidente.

Matéria atualizada às 9h22min de 22 de julho de 2016.

Francine Ferreira – Fotos: Renan Medeiros