Até pouco tempo atrás, eram sete pontos de distância para o G4. Agora são dois. O Criciúma nunca viu a zona de classificação para a Série A tão perto quanto neste momento, faltando 11 rodadas para o término da Série B do Campeonato Brasileiro. Há duas semanas, o cenário era de terra arrasada e com muitos projetando a pontuação necessária para evitar o rebaixamento. Desde então, foram três vitórias consecutivas – o que não acontecia há quase três anos – e uma aproximação frontal do G4.
Muito se questiona sobre os fatores que propiciaram esta mudança radical. Para mim, não restam dúvidas: méritos totais dos jogadores, excluindo qualquer trabalho tático diferenciado do técnico Roberto Cavalo. Dois fatores me fazem pensar assim. O primeiro deles é o desempenho do time dentro de campo. O que Cavalo fez de diferente das rodadas anteriores? Nada. Mesmo sistema tático, mesma postura e mesmas opções de jogo.
O Criciúma segue sendo o time das bolas cruzadas e dos contra-ataques em velocidade. Isso ficou explícito, especialmente, nas vitórias sobre Oeste e Brasil de Pelotas, onde se aproveitou bastante destes dois fatores para construir seus triunfos.
Persiste, entretanto, a preocupação para quando o Tigre encontra adversários bem postados na defesa, caso do Sampaio Corrêa na sexta-feira da última semana. O time de Cavalo procura constantemente a lateral do gramado e isso resulta em cruzamentos recorrentes. Foram 31 contra a equipe maranhense e apenas dois certos. Isso explica um pouco a dificuldade em construir a magra vitória por 1×0 sobre o lanterna da competição.
Agora, com dois jogos consecutivamente fora de casa – contra Bahia e Tupi – a tática será a mesma. O time ficará atrás, tentará arrancar contra-ataques, especialmente com Roberto pelo flanco direito, e insistirá em jogadas de bola parada. É previsível, mas vem dando certo.
Se a tática vem sendo a mesma, o que mudou, então? Uma sorte há mais – o gol de Niltinho contra o Sampaio exemplifica bem – e um aproveitamento maior nas chances criadas, especialmente nas jogadas de contra-ataque, explorando os erros adversários.
O segundo fator que me faz entender que a mudança de fase do Criciúma é mérito, único e exclusivo dos jogadores, é o discurso dos próprios. Os atletas foram muito questionados nos últimos dias sobre o que realmente aconteceu para esta mudança e o discurso é de união, de conversas internas e entendimentos entre os próprios jogadores. Este fator reforça o primeiro, de que o papel de Cavalo é mínimo, talvez apenas com um grito de motivação a mais ou algo assim. No plano tático, tem contribuído muito pouco.
Pro torcedor, o que mudou e como o time vem jogando pouco importa. O que realmente é relevante para o frequentador da arquibancada é a bola na rede e os três pontos na tabela. E, de fato, em uma Série B de nível técnico baixo e marcada pelas constantes perdas de pontos dos times da parte de cima da classificação, isso pode ser suficiente para que o Tigre consiga a promoção à elite do futebol nacional.