Entre a empolgação e os pés no chão, o Criciúma embala na Série B do Campeonato Brasileiro. Já são quatro jogos invicto, sendo três vitórias seguidas. O número mágico, 45 pontos, está a só dez de distância.
Mas qual o segredo dessa evolução do time treinado por Mazola Júnior? Primeiro é preciso contextualizar o campeonato – o futebol brasileiro em si – que é composto basicamente por times que emendam altos e baixos com rápidas frequências. Logo, uma arrancada dessas, por mais positiva que seja, não é razão para grande empolgação, porque seguindo a lógica natural das coisas, uma sequência negativa pode vir a qualquer momento.
Dentro de campo, entretanto, há como explicar a melhora dos resultados. Como já destaquei neste mesmo espaço, passa pela troca do 4-3-1-2 pelo 4-2-3-1, que deixou o time mais robusto e dinâmico, com atletas preenchendo mais partes do campo. Mas, acima de tudo, passa pelo mérito de defender a própria área.
Há quem diga que o Criciúma teve sorte em vencer Juventude, Fortaleza e Avaí. Dizem que o time foi sufocado e somente soube aproveitar as chances que teve. Será?
É preciso, acima de tudo, respeitar os modelos de jogo e entender como eles são aplicados nas partidas. Mazola opta por uma defesa com linha baixa e com um ataque direto, apostando em lançamentos longos para Vitor Feijão disputar em velocidade ou então para Zé Carlos ganhar no pivô e segurar a bola para a aproximação dos demais atacantes. São as armas que ele encontrou e tem sido úteis.
E dessa filosofia, o Criciúma tem conseguido defender a própria área. Para efeito de comparação, no empate contra o Atlético Goianiense (1 a 1) e na derrota para a Ponte Preta (3 a 1) o time cedeu oito e sete finalizações de dentro da grande área, respectivamente – segundo o site Foot Stats. Era uma clara sinalização de uma defesa exposta aos ataques adversários.
A partir da mudança para o 4-2-3-1, com dois volantes mais posicionados e a presença de dois extremos recompondo, o cenário mudou. O Criciúma até finalizou menos que seus adversários, mas os oponentes precisavam ter mais pontaria, porque não conseguiram chutar de dentro da área. Confira:
- Criciúma 0x0 Guarani: o time paulista finalizou 14 vezes contra 13 do Tigre. Somente quatro chutes foram de dentro da área;
- Juventude 0x1 Criciúma: os gaúchos deram nove arremates contra sete. Cinco foram de dentro da área, sendo quatro para fora e um bloqueado;
- Criciúma 2×0 Fortaleza: o líder da Série B chutou 15 vezes e viu o Tigre dar apenas quatro finalizações. Dos 15 arremates, porém, quatro foram da grande área;
- Criciúma 3×2 Avaí: o Leão da Ilha foi o que mais finalizou, 17 vezes contra oito, mas apenas três chutes foram de dentro da área;
É um recado bem claro: o Tigre até dá a bola ao rival e dá liberdade para atacar, mas é preciso muito esforço para ter tranquilidade para finalizar perto do gol. Essa é a maneira que Mazola Júnior encontrou para o Criciúma jogar e vem dando certo. Não é o jeito mais vistoso, tampouco enche os olhos, mas é o suficiente para sobreviver em uma Série B tão carente de bom futebol.