Nascido em  1907 na cidade de São Joaquim na serra catarinense, Martinho de Haro foi reconhecido como importante pintor brasileiro, desenhista e muralista desde muito jovem. Autodidata, aos 20 anos, em 1927, fez sua primeira exposição no salão do Conselho Municipal de Florianópolis e a partir de então  sua carreira ascendeu nacionalmente. Foi também professor de desenho por algum período mas sua principal profissão foi pintar.

No mesmo ano de sua primeira exposição conseguiu uma bolsa de estudos para frequentar a recém formada Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e em 1937 conquistou a Medalha de Ouro, prêmio máximo dessa escola para as obras que eram expostas nos salões de arte promovidos pela instituição, esse prêmio rendia ao artista  uma bolsa de estudo no exterior com duração de 2 anos e assim, Martinho  foi para Paris onde frequentou a academia de La Grande Chaumieri  por um ano e  pode aprimorar suas técnicas.

Martinho de Haro foi um dos envolvidos no movimento  modernista aqui no Brasil,  suas obras manifestavam a transição do academicismo para uma pintura mais autêntica, capaz de transformar os padrões da arte até então vigentes ( o rompimento com aquilo que é convencional foi uma característica do modernismo, que surgiu na Europa no início do século XX com muitas experimentações artísticas e que revelaram grandes nomes na arte).  Fez parte do Grupo Bernadelli enquanto estudou no Rio de Janeiro e já em terras catarinenses uniu-se ao  Grupo Sul de estudos também modernista.

Ficou conhecido, também,  por suas inúmeras representações da cidade de Florianópolis, onde foi residir em 1940 e  viveu até seus 77 anos. Conseguiu registrar o crescimento da cidade, as transformações ocorridas no seu processo de urbanização, registrou os antigos casarios, as ruas, o porto, o mercado público, os edifícios em construção. Seu trabalho comumente é usado como fonte de pesquisas históricas relacionadas a nossa capital.

Em suas obras podemos observar influências do impressionismo, do fauvismo,  do expressionismo.  Representando seus personagens em alguns momentos com contornos indefinidos onde as cores davam  forma a figura desenhada, observa-se em seus trabalhos o  uso de cores  vivas,  as formas geométricas  que também aperecem  em suas telas dando vida aos seus personagens, expremindo volume, grandeza e perspectiva aos desenhos.  Além disso conseguia registrar em suas telas belíssimos espelhos d’água e imagens do céu fantásticas com muitos tons de cinzas e azul. Pintava paisagens, natureza morta, retratos, “nus”, cenas ao ar livre, cenas urbanas, ambientes internos, paisagens marinhas e cenas religiosas.

Faleceu em 1985 depois de 60 anos trabalhando pela arte, em sua carreira somam-se mais de 40 exposições, entre individuais e coletivas e mais de 2 mil obras. Martinho de Haro soube traduzir em suas pinturas toda a sensibilidade que o ser humano pode exercer. Pintava com paixão pela arte, pela vida e por Santa Catarina.

Referências

KAMMERS, Elizabeth Ghedin. Pinturas que Fazem História: arte, Transformações Urbanas e Memórias da florianópolis na Década de 1970 Analisadas Através de Telas de Martinho de Haro. 2012. 202 p. Dissertassão, grau  de mestre em história. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 2012. Disponível aqui. Data de acesso: 15/06/2018.

LIMA, Mike Christian Nascimento de. O Nu de Martinho de Haro: Interlocuções Matemáticas por Meio do Olhar. 2014. 67 p. Trabalho acadêmico para obtenção de grau  de Licenciado em Matemática. Centro de ciências Físicas e matemáticas da Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2014. Disponível aqui. Data de acesso: 15/06/2018.

MAKOWIECKY, Sandra. História e Cultura Visual em Martinho de Haro. XIII Encontro de História Anpuh- Identidades. 2008. Disponível aqui. Data de acesso: 15/06/2018.