Retração no consumo e importações fazem preço do leite cair no mercado catarinense.
O consumo não se expande e a importação não cessa: essas são as principais causas do excesso de leite no mercado interno brasileiro e a conseqüente queda no preço praticado pelos laticínios na aquisição dessa matéria-prima junto aos produtores rurais.
Esse cenário foi analisado pelo Conselho Paritário Produtor/Indústrias de Leite do Estado de Santa Catarina (Conseleite/SC) que esteve reunido nesta semana em Florianópolis para definir os valores de referência. As notícias não são boas para quem produz: os preços de referência ao produtor projetado para o leite entregue em agosto registram 2% de queda (2 centavos a menos por litro) em relação ao preço de referência do leite entregue no mês anterior.
O presidente do Conseleite/SC e vice-presidente regional da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) Adelar Maximiliano Zimmer anunciou que o leite entregue em agosto a ser pago em setembro tem as seguintes projeções de valores: leite acima do padrão R$ 1,1966/litro; leite padrão R$ 1,0405 e abaixo do padrão R$ 0,9459. Os valores se referem ao leite posto na propriedade com Funrural incluso.
A redução do preço do leite em todas as fases da cadeia produtiva nesta época do ano é absolutamente atípica. “É a primeira vez em dez ano que isso ocorre”, espanta-se Zimmer. O desemprego, a queda geral do poder aquisitivo da população e o excesso de importação – na avaliação do dirigente – são insuficientes para explicar a queda nos preços do leite que ocorrem desde maio.
Queda no consumo, expansão na produção e aumento das importações fazem preço do leite cair no mercado catarinense. “Pode ser bom, momentaneamente, para o consumidor, mas é péssimo para o produtor rural”, analisa o presidente. A excessiva e desnecessária importação de leite, especialmente do Uruguai, está tumultuando o mercado doméstico e impactando negativamente a cadeia produtiva.
Produção Catarinense
O Estado é o quinto produtor nacional de leite e gera entre 3,0 e 3,1 bilhões de litros por ano, o que corresponde a 8,7% da produção nacional. A concentração da produção está na região oeste catarinense, respondendo por 75% da produção estadual. Ao todo se estima que existam no estado cerca de 50 mil produtores comerciais de leite que produzem cerca de 8,5 milhões de litros por dia. A capacidade industrial é estruturada para processar até 10 milhões de litros de leite/dia.