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Jogo da Baleia Azul: Saúde e Educação emitem alerta para casos suspeitos de suicídio

baleia azul

Diante da grande repercussão do Jogo Baleia Azul – que propõe desafios ameaçadores que colocam em risco à vida dos participantes – e da possível relação dele com casos de tentativas de suicídio no país, o Governo de Santa Catarina emitiu alertas aos profissionais de saúde e professores em relação a procedimentos a serem adotados em casos de suspeita ou confirmação de automutilação e/ou de tentativa de suicídio, especialmente entre crianças, adolescentes e jovens.

A Secretaria de Estado da Saúde emitiu nota de alerta aos serviços de saúde para que se mantenha elevado nível de suspeição diante de casos de lesões, envenenamento ou intoxicação que possam caracterizar violência autoprovocada. O documento, produzido em conjunto pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica e pela Gerência de Atenção Básica, recomenda que os profissionais de saúde abordem as pessoas e seus acompanhantes a respeito das causas do agravo para confirmar ou descartar a suspeita. Em caso de confirmação, a pessoa deve ser acompanhada pelas equipes da Estratégia de Saúde da Família para acolhimento e, se necessário, ela será encaminhada ao serviço especializado em saúde mental, no caso os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).

“O suicídio entre jovens é algo que sempre preocupou os serviços de saúde, mas agora está se tornando mais evidente por conta das redes sociais. A atuação dos grupos de prevenção e de saúde mental é fundamental, assim como das escolas”, enfatiza Eduardo Macário, diretor da Dive/SC. Ressalta-se que todos os casos de violência autoprovocada e de tentativa de suicídio são de notificação compulsória imediata, conforme Portaria 204/2016 do Ministério da Saúde.

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“A porta de entrada para o acolhimento é sempre as unidades básicas de saúde”, informa a psicóloga Rose Brasil, coordenadora do programa de Saúde Mental de Santa Catarina. Os serviços públicos de saúde mental de Santa Catarina contam com 99 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em diversos municípios e diferentes modalidades, e mais 23 estão em fase de implantação. “Nessas estruturas são atendidas pessoas que vêm em demanda espontânea, incluindo as que têm depressão grave, pensamento suicida e tentativa de suicídio”, explica Rose.

A Secretaria de Estado de Educação enviou nota de orientação às 1.080 escolas da rede estadual sugerindo ações preventivas e interventivas aos casos suspeitos. Por meio da Política do Núcleo de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento as Violências na Escola (NEPRE) educadores irão promover encontros para esclarecimentos, palestras e debates com os estudantes e a família na escola.

A gerente de Políticas e Programas da Educação Básica e Profissional da SED, Julia Siqueira da Rocha, ressalta que a mediação dos professores com os estudantes é fundamental no trabalho pesquisas sobre o assunto. “O objetivo dessa pesquisa deve ser a possibilidade de escuta dos estudantes e conhecimentos para que eles possam tomar decisões seguras. Entendendo que as redes sociais podem ser espaços também para manipulação de crianças e adolescentes”, enfatiza. Julia destaca, ainda, a importância dos educadores e dos familiares de demonstrar segurança e acolher o jovem que acabou entrando no jogo.

Responsabilidade compartilhada

“A prevenção ao suicídio é uma responsabilidade que deve ser compartilhada entre os setores da saúde, da educação, da assistência social e da sociedade em geral. Todos devemos estar atentos diante de uma possível situação de sofrimento, pois o acolhimento, a escuta e o suporte são ferramentas indispensáveis para a prevenção do suicídio”, ressalta Gladis Helena da Silva, Gerente de Vigilância de Agravos da Dive/SC. Segundo ela, outro importante aliado na prevenção do suicídio tem sido o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional gratuitamente, de forma voluntária, 24 horas por dia, por telefone (141), e-mail ou chat pelo site da instituição.

Apesar de a atenção estar voltada mais para os adolescentes e jovens neste momento, os dados epidemiológicos demonstram que, em Santa Catarina, o maior número de óbitos por suicídio ocorreu na faixa etária entre 50 e 59 anos em 2016 (152 casos). Entre pessoas de 10 a 19 anos, foram 39 óbitos. No total, o estado registrou 670 óbitos por suicídio no ano passado, dos quais 77% eram homens. Já entre os casos notificados pelos serviços de saúde de tentativa de suicídios predomina pessoas entre 20 e 29 anos (693 casos). Entre pessoas de 10 a 19 anos, foram 501 casos. No total, foram 2.721 casos de tentativa de suicídio notificados no ano passado, sendo 66,9% de mulheres.

Francine Ferreira – Letícia Wilson / Patrícia Pozzo


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