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Irresponsabilidade humana no litoral leva animais marinhos à morte

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Museu de Zoologia da Unesc atua junto à Polícia Ambiental a procura de soluções.

Verão, sol e praia. Esse programa prazeroso é a principal escolha entre aqueles que gostam de curtir a estação mais quente do ano em um espaço natural. Entretanto, a falta de cuidado e respeito com a natureza pode transformar essa atividade tão comum, em algo desastroso. A população das cidades do litoral e seus turistas está entre as principais causas deste transtorno, já que, segundo o Instituto Oceanográfico da USP de São Paulo, mais de 95% do lixo encontrado nas praias brasileiras é composto por itens feitos de plástico, como garrafas, copos descartáveis, canudos, cotonetes, embalagens de sorvete e redes de pesca.

A Unesc, por meio do Museu de Zoologia, desenvolve um trabalho de conscientização e pesquisa sobre o assunto. E o problema dos resíduos é tão grande que, segundo o biólogo do Museu da Universidade, Rodrigo Ribeiro de Freitas, existem ilhas em diversas partes do mundo só de garrafas pet. “Vários animais acabam ingerindo diretamente, e indiretamente, esses resíduos plásticos. Por exemplo, existe uma espécie de tartaruga marinha que se alimenta de águas-vivas. Quando ela vai se alimentar, e há sacolas plásticas boiando, aquele movimento ondulatório faz ela acreditar que é uma água-viva. Essa sacola fica trancada na região da glote, que faz o animal morrer asfixiado”, comentou.

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Segundo Rodrigo, das seis tartarugas de couro, espécie que gosta de comer águas-vivas, registradas pelo Museu da Unesc, ao menos quatro tiveram restos de plástico na região da glote. “Este é um dado bem triste e preocupante, que ocorre em virtude de termos esse problema de resíduos nos nossos oceanos e praias”, ressaltou.

Consciência ambiental

A atuação do Museu de Zoologia da Unesc se estende por toda Santa Catarina, desde a barra do Camacho (Jaguaruna), até a barra do Mampituba (Passo de Torres), totalizando 120 km de praia monitorada. “O Museu realiza monitoramentos no litoral sul catarinense com o objetivo de avaliar os impactos antrópicos sobre a fauna marinha. Além disso, também promove em seu público visitante, por meio de seu acervo e de seus programas educativos, reflexões sobre a importância e a fragilidade do ambiente marinho”, comenta a coordenadora do Museu, Morgana Cirimbelli Gaidzinski.

Morgana conta ainda que, quando são encontradas as carcaças de animais na orla, elas são removidas para que seja feita a identificação da causa da morte, por meio da necropsia. Já quando são encontrados animais vivos com algum tipo de lesão, estes são encaminhados para o Centro de Reabilitação, em Florianópolis. “ No Museu costumamos retirar do trato digestivo de tartarugas marinhas tampinhas de garrafa, bolinhas plásticas, e, principalmente, pedaços de sacos plásticos”, ressalta.

Atuação junto à Polícia Ambiental

A Polícia Ambiental trabalha em parceria com o Museu de Zoologia da Unesc há mais de 15 anos. Segundo o Tenente Schneider, comandante da Polícia Ambiental, a maior problemática sobre o assunto é a intervenção humana quando algum animal aparece na praia. “Geralmente os animais estão em rota migratória, e quando procuram a praia, o fazem para descansar e se recuperar do longo percurso que percorrem. Alguns animais precisam descansar por dois, três e até quatro dias antes de voltar para o mar e terminar seu percurso. A praia é o habitat natural desses animais. É normal eles estarem lá. Isso que as pessoas precisam entender”, ressaltou o tenente.

Segundo ele, os banhistas cercam, querem alimentar e chegam a molhar os animais. “Eles querem descansar, secar seus corpos antes de voltar ao mar. Já presenciei até uma veterinária jogando água num lobo marinho. Se ele quisesse água ele entrava na água. A orientação é que deixem o animal em paz sem estressa-lo. Caso esteja machucado, a Polícia Ambiental deve ser acionada”, comenta o Tenente.

Francine Ferreira – Mayra Lima


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