Wagner Fonseca – poeta, professor e blogueiro
Deslizo para dentro da concha que me envolve
Tal qual pinguim esvai pela caverna
No aconchego de meu sábado chuvoso
Apenas anseio que o tempo cesse
Do telhado caem goteiras murmurantes
Que me fazem sonhar
No meu simples existir, não há escadas onde habito
O porão de meus sonhos liga-se diretamente
A um sótão que nunca houve
Há muita humildade rústica em nossas pequenas cidades
Por isso deleito-me a caminhar por entre vales
Verdes e pedregosos
Caçando cascatas encontro meu íntimo habitar
Há alegria melancólica no sábado chuvoso
Há alegria cósmica no sábado ensolarado
Quando sob a água gelada me ligo ao eterno
Retorno à minha concha, mais íntimo de mim
Tão completo, tão cansado
Tão pleno de existir.