Mobilização é pela falta do pagamento de salários desde outubro; Estado alega falta de prestação de contas.

Com salários atrasados desde outubro, os funcionários do Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep) de Criciúma, localizado no Bairro Vila Zuleima, decidiram paralisar os serviços a partir da manhã de hoje, como forma de protesto. A situação ocorre porque, segundo a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (SJC), a Multiplicando Talentos, que ainda administra o local, está com pendências na prestação de contas.

Conforme o funcionário do Casep de Criciúma há cinco anos, José Wilson de Santana, a situação de atrasos é semelhante também no de Tubarão e nas Casas de Semiliberdade de Criciúma e Araranguá, cujos trabalhadores podem seguir o mesmo caminho dos do Casep de Criciúma a qualquer momento.

“E além da falta de pagamentos, também decidimos paralisar as atividades, porque a Secretaria de Justiça e Cidadania anunciou, no mês passado, que irá assumir a gestão da unidade no dia 24 de dezembro, e que, depois disso, todos os funcionários serão dispensados”, afirma Santana.

Ele ainda ressalta que o Casep de Criciúma está lotado, atualmente atendendo 19 adolescentes infratores, e que a partir de hoje só serão realizados pelos funcionários serviços que garantam as necessidades básicas dos internos, como idas ao banheiro, alimentação e atendimento a problemas de saúde. “Tem gente pensando em até nem ir mais para a unidade trabalhar, porque não tem dinheiro. Estão com as contas atrasadas e não tem nem como abastecer para ir ao local de trabalho”, completa.

Atraso da prestação de contas

Sobre a paralisação, a SJC emitiu um comunicado oficial no fim da tarde de ontem, informando que a falta de repasses está ocorrendo porque a OSCIP que administra o Casep está com pendências na prestação de contas. “A situação só será normalizada com a regularização da prestação de contas, que a SJC espera que ocorra o mais breve possível”, finaliza a nota.

A reportagem tentou contato com os atuais responsáveis pela Multiplicando Talentos, mas não obteve sucesso até o fechamento dessa edição.

Desdobramentos da Operação Talentos

Os Caseps de Criciúma e Tubarão e Casas de Semiliberdade de Criciúma e Araranguá vem sofrendo impasses desde que o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a Operação Talentos, no fim de julho, cujas investigações denunciaram desvios de recursos públicos na administração das unidades pelo então presidente da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Multiplicando Talentos.

A SJC determinou, então, que interventores do Estado assumissem o comando dos locais até que a situação fosse resolvida. Depois disso, a Multiplicando Talentos notificou a SJC, desistindo da administração das unidades. Com isso, iniciou-se um período legal de transferência, que culminará com a própria SJC assumindo as funções no fim de dezembro.

Francine Ferreira