Essa pergunta parte do pressuposto de que defendemos uma ideia – modo de pensar. Este pode ser próprio ou alheio. Para entender, não existe pensamento puro, pois este é adquirido e, para esclarecer, de modo contextualizado. Portanto, por mais que alguém queira pensar por si só, não é possível; pois, o seu “pensamento” sempre será resultado da sua situação intencional sustentado por elementos contextuais e culturais.
Na liturgia deste domingo, encontramos como tema principal a “partilha”. Esta quando feita a partir da fé em Deus, ninguém neste mundo passará por necessidades básicas (educação, saúde, moradia, trabalho, lazer). No livro dos Reis, a comando do profeta Eliseu todos comeram e ficaram saciados. No Evangelho de São João, Jesus multiplicou cinco pães e dois peixes e multidões ficaram saciadas. Alimento tem para todos, Deus fez assim o mundo, desde que o coração humano viva a generosidade e não a avareza. A corrupção, seja ela em pequena ou em larga escala, é resultado de um coração distante de Deus.
Como tema secundário da liturgia, mas, a meu ver, em nossos tempos, assume o primeiro lugar, é a questão da liberdade. Uma pessoa corrupta por se pensar livre em suas formas de pensar, se vista através de uma análise psicológica, se mostra prisioneira em sua ambição, em sua mesquinhez, em sua cobiça, etc.
Como vimos acima, ninguém consegue sustentar um pensamento puro e, portanto, livre essencialmente. Por isso, diante desta realidade cognitiva, devemos escolher em qual arrimo vamos sustentar nossas ideias. Essa escolha nos fará livres ou não.
Vejamos no evangelho de São João, Jesus, acorrido por multidões porque fazia o bem e milagres, todos querendo lhe fazer rei porque tinha saciado a fome de tanta gente, se retirou, sozinho, no monte para rezar. Se Jesus fosse preso em suas ambições, pretensões, cobiças, poderia ter dado seguimento a esses elementos humanos e viver a partir de suas mazelas.
Sentindo-se top, e gastando energias em coisas fúteis para manter o patamar da fama. Ambição, pretensão, cobiça, e outras emoções, são resultantes de emoções permeadas por sentimento, consciente ou inconsciente, de insegurança instalada em sua memória afetiva. Jesus, nosso modelo de homem livre, mostra que a liberdade está em Deus e, por isso, faz a melhor escolha – se retirou no monte para rezar, se colocou junto de Deus.
São Paulo, ao Efésios, diz: “eu prisioneiro no Senhor”. Ao vermos o conjunto de sua vida, enxergamos um homem livre. Praticamente, Paulo é reflexo da imagem de Jesus. Paulo vive como viveu Jesus, portanto se mostra um homem livre. Ele, nesta leitura, nos desfralda um paradoxo divino: ao nos fazermos prisioneiros de Deus, nos fazemos livres para o mundo.
Para terminar: volto com a pergunta – de quem você é prisioneiro??? De seus ressentimentos, de suas angustias, de seus pensamentos negativos, de seus vícios, de suas avarezas, de suas ambições, de suas fixações, seus desejos de riqueza, … Somente Jesus liberta. Que como São Paulo possamos professar: “eu prisioneiro no Senhor” e, assim, tomarmos posse da benção que Deus tem reservada para mim, para você, …para todos nós, que consiste na verdadeira liberdade. Seja livre em Deus, opte estar com Deus.
Deus lhe abençoe nesta semana, todos os dias. Amém. Mas, de quem você é prisioneiro???