A história narrada no livro Filhos do Jacarandá, de Sahar Delijani, se passa no Irã no período de 1983 a 2011. É baseada em fatos reais, em experiências vividas por familiares e amigos da autora. Um livro com uma grande carga emocional, mas com uma narrativa equilibrada, que mostra a realidade de um país com muitos conflitos e pouca liberdade.
O leitor vai se deparar com várias pequenas histórias, de diversos personagens, que no decorrer do tempo terão relação direta. Começa com uma mulher grávida que está na prisão sendo levada a um hospital para ter sua filha, esse bebê fica por um tempo com ela e suas colegas de cela e depois é levado para seus avós. A personagem conta o que passou física e emocionalmente neste período que esteve na prisão. O detalhe é que ela e o marido foram presos porque eram militantes políticos e isso acontece com vários outros.
Assim segue a primeira metade do livro, quando vários personagens são apresentados sofrendo as consequências de prisões injustas, de torturas, ansiedades. O que enfrentam, o que sentem, o que esperam. Não são apenas pessoas enclausuradas na prisão, mas também parentes que cuidam de seus filhos, familiares que deixam sonhos de lado para enfrentar o que a vida apresenta, crianças que ficam órfãs mesmo tendo os pais vivos.
Na segunda parte do livro, a escritora traz novamente os personagens infantis do início da narrativa, agora na fase adulta, mostrando toda a carga que seguiu na trajetória de cada um e como receberam seus pais ao saírem da prisão, ou a notícia da morte deles e ainda a fuga para outros países.
Filhos do Jacarandá fala de torturas, de esperanças, de execuções, de traumas, de buscas, de amor, de dúvidas. É um livro triste, sensível, difícil, mas é muito bem construído pela autora que conseguiu ir e vir guiando o leitor pela história. É uma narrativa que mostra uma realidade que não pode ser esquecida.