Os produtores de uva do Sul do País acabam de ganhar um grande aliado no controle do míldio da videira, a principal doença que ataca os parreirais no Brasil. A Epagri implantou o sistema de previsão para a doença na plataforma Agroconnect, um serviço gratuito de informações meteorológicas que avisa o agricultor sobre condições favoráveis ao surgimento de pragas e doenças nas lavouras.
A ferramenta atende produtores, técnicos e extensionistas, servindo de suporte para o tratamento fitossanitário de mais de 4,7 mil hectares de videira em Santa Catarina e parte dos 48 mil hectares do Rio Grande do Sul e dos 4,2 mil hectares do Paraná. O sistema funciona on-line e está disponível no site.
Sistema
“O serviço fornece informações para o produtor fazer um controle de doenças mais eficiente na lavoura e evitar aplicações desnecessárias”, explica o engenheiro-agrônomo Éverton Blainski, pesquisador do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de SC (Epagri/Ciram).
O usuário tem acesso a um mapa com os dados de estações meteorológicas dos três estados do Sul. O ícone laranja significa risco leve para a doença, o amarelo indica risco moderado e o vermelho aponta risco severo para a região. Estação em verde significa que não há risco para o surgimento do míldio da videira e, quando está azul, é porque choveu mais de 25mm – critério para reaplicação de fungicida preventivo.
Pesadelo dos viticultores
Principal problema fitossanitário da videira no País, o míldio é causado pelo fungo Plasmopara viticola e causa sérios prejuízos ao setor, especialmente nas regiões mais quentes e úmidas. “O sintoma mais comum ocorre nas folhas, mas dependendo do momento da infecção, pode atingir os cachos, destruindo os frutos e resultando em perda de até 100% da produção”, explica André Kulkamp de Souza, pesquisador da Epagri na Estação Experimental de Videira.
A doença afeta principalmente as uvas europeias ou viníferas, como Cabernet Sauvignon, Malbec e Chardonnay. As americanas, ou uvas de mesa, como Isabel, Bordô e Niágara, são mais resistentes ao fungo. “Nas variedades mais sensíveis, ele é bastante agressivo. Por isso, o produtor precisa fazer tratamentos fitossanitários preventivos”, destaca o pesquisador.
O controle da doença pode ser feito tanto no sistema convencional quanto no agroecológico. “Com o monitoramento, a viticultura pode reduzir o uso de agrotóxicos, melhorando a sustentabilidade dos vinhedos e reduzindo o custo de produção”, diz André.
Informação para o campo
O Sistema de monitoramento e difusão de avisos e alertas agrometeorológicos em apoio à agricultura familiar (Agroconnect) apresenta o monitoramento climático de 42 culturas e gera avisos para sete: alface (míldio da alface e cercosporiose), banana (sigatoka-negra), cebola (míldio da cebola), maçã (sarna – ascósporos, sarna – conídios, mancha da gala, podridão-amarga, podridão-branca e cancro europeu), soja (ferrugem-asiática), tomate (requeima, pinta preta, septoriose e mancha bacteriana) e videira (míldio da videira). O site também disponibiliza boletins climáticos trimestrais e boletins específicos das principais culturas de Santa Catarina, que são enviados por e-mail para produtores cadastrados.
Lançado em 2016, o Agroconnect registrou 147 mil acessos no ano passado. Para o próximo ano, a Epagri/Ciram planeja lançar um aplicativo e disponibilizar outras novidades. “Vamos incluir na ferramenta a previsão de favorabilidade das doenças para três dias. Também estamos firmando um acordo com o Inmet para ampliar o alcance do Agroconnect – assim a ferramenta passará a disponibilizar informações para outros estados brasileiros”, adianta Hamilton Vieira, gerente da Epagri/Ciram.