Para começar esta coluna, escolhi o livro Barba Ensopada de Sangue, que é um romance nacional. Escrito por Daniel Galera é diferente, instigante e o fato de ter Garopaba como cenário foi mais um atrativo para encarar esta história de mais de 400 páginas.
O protagonista, que o autor não se deu ao trabalho de dar um nome, é um professor de educação física do RS que decide morar em Garopaba depois da morte de seu pai, fugindo assim da vida que leva, das pessoas que conhece, dos seus problemas. Ele se engana, decidindo ser uma mudança temporária, onde vai tentar descobrir os mistérios da morte de seu avô ali naquela mesma cidade décadas antes.
Ele encontra um emprego, faz algumas amizades e segue vivendo na simplicidade sempre acompanhado da cachorra Beta que era de seu pai, mas sua consciência não o deixa tranquilo e ele segue em busca de si mesmo ao tentar decifrar os mistérios de seu avô. Outro diferencial da história é seu problema congênito incomum, o personagem esquece o rosto das pessoas minutos depois de deixa-las, então usa de vários artifícios para reconhecê-las como a voz, as mãos, entre outras características.
Estilo provocador
O autor provoca o leitor com a narrativa às vezes parecendo incompleta tendo que trabalhar a imaginação para dar um desfecho a um acontecimento da história e em outros casos há mais detalhes nos acontecimentos descritos. Há devaneios, há diálogos, há trocas, há dúvidas, há dores e amores. Será que o narrador, como é chamado, viveu realmente tudo aquilo ou um pouco foi fruto de sua imaginação e febre.
Outro destaque do livro é o prólogo, que na verdade é o final da história. Este final que o leitor se depara ao iniciar a leitura só será bem entendido quando encerra toda a narrativa e esta lacuna de vários anos também é uma forma de fazer a criatividade funcionar, preenchendo em minutos com o que poderia ter sido.